Líder do PEPS em São Tomé dissolve partido e diz-se indisponível para ingressar noutra força

O líder e fundador do Partido de Estabilidade e Progresso Social (PEPS) de São Tomé e Príncipe, Rafael Branco, anunciou hoje a dissolução do partido e afirmou à Lusa estar indisponível para ingressar noutra formação política.
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Rafael Branco foi presidente do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) e igualmente primeiro-ministro, cujo governo caiu em 2010. Concorreu às eleições legislativas, na altura como líder do partido e candidato à sua própria sucessão e perdeu. Foi pressionado e demitiu-se da liderança dos sociais-democratas.

Criou a sua própria formação política, o Partido de Estabilidade e Progresso Social (PEPS), à frente do qual concorreu às legislativas de 2014, não tendo conseguido qualquer assento parlamentar.

Hoje, em comunicado distribuído aos jornalistas, anunciou a dissolução do partido, nomeadamente da presidência, o secretariado-geral e da comissão política.

Em declarações à Lusa, Rafael Branco disse, ainda, que o seu regresso ao MLSTP-PSD é uma questão que, por enquanto, não se coloca.

"Mas, mesmo que me convidassem - e eu quero deixar esse aspeto claro -, a este MLSTP, como está, eu não sinto apelo nenhum em regressar. Se houver um processo sério de refundação, reestruturação, de mudança fundamentais eu posso considerar essa hipótese", afirmou.

Sobre a dissolução do PEPS, lembrou que desde 2014 o partido "não tem uma atividade política".

"E no momento em que o sistema partidário vai sofrer possivelmente modificações, quer no seio dos partidos que já existem, quer o eventual surgimento de movimentos ou outras forças políticas, não fazia sentido os militantes do PEPS estarem amarrados às obrigações de filiação que tinham assumido", acrescentou Rafael Branco.

A decisão "era um passo que nós achamos necessário", afirmou, sublinhando que na reunião que culminou com a dissolução do PEPS foi dito aos militantes que, futuramente, "toda a gente é livre de ir para onde quiser, para qualquer partido existente, para qualquer nova força política".

Nas últimas semanas, o MLSTP, que também atravessa uma divisão profunda, tem insistentemente enviado apelos de "reconciliação, coesão e crescimento ao seio do partido", mas Rafael Branco diz que não se revê nestes apelos.

"A minha posição em relação ao MLSTP está clara, eu fui expulso do partido, eu era uma tendência e como chefe da tendência fui expulso e foi depois disso que eu criei o PEPS. Apesar do PEPS desaparecer, eu continuo expulso do MLSTP", explicou Rafael Branco.

"Neste MLSTP não há lugar para mim", afirmou o antigo líder daquele partido histórico.

"Não houve reconciliação, eu estou expulso do partido, eu e vários outros dirigentes fomos afastados de toda a estrutura, nós não podemos ir para uma casa da qual nos expulsaram", acrescentou.

Rafael Branco traçou também um quadro da atual situação do principal partido da oposição com 16 assentos parlamentares.

"O MLSTP tem dezenas de milhares de militantes, o que assistimos atualmente são dois grupos de 300 ou 500 militantes que estão a decidir o futuro do partido, o partido tem muito mais militantes que devem participar nessa discussão", declarou.

Um grupo de militantes do partido defende a realização de um congresso ainda antes das próximas legislativas previstas para 2018. Mas, na opinião de Rafael Branco, "organizar um congresso na atual conjuntura, é tirar um grupo e meter outro e continuar tudo na mesma".

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