Trabalhadores da mina de Neves-Corvo avaliam postura da nova administração

Trabalhadores da concessionária da mina de Neves-Corvo, no Alentejo, iniciaram hoje um plenário para avaliarem a postura da nova administração e decidirem "próximos passos" da luta pela resolução de um conflito laboral que já provocou três greves.
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O plenário geral de trabalhadores da Somincor, a concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, distrito de Beja, inclui quatro reuniões, que decorrem hoje e na sexta-feira, na empresa, para acompanharem as mudanças de turnos e abarcarem todos os trabalhadores, disse à agência Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) Jacinto Anacleto.

Segundo o sindicalista, o plenário realiza-se após a reunião que decorreu na quarta-feira entre o STIM e o novo administrador-delegado da Somincor, Kenneth Norris, que foi nomeado na segunda-feira, pelo grupo Lundin Mining, o dono da empresa, na sequência do pedido de demissão apresentado no passado dia 03 pelo então presidente do conselho de administração, Michael James Welch.

O STIM considera haver "uma pequena evolução na postura da Somincor", porque "o novo administrador-delegado disse que, até ao dia 16 de fevereiro, vai apresentar uma proposta [ao sindicato] para resolver o conflito" laboral com os trabalhadores, referiu Jacinto Anacleto.

O sindicato "entende" tratar-se de "uma proposta que vai ao encontro das reivindicações dos trabalhadores", afirmou o sindicalista, referindo que, nas reuniões do plenário, o STIM vai transmitir o que o novo administrador-delegado disse e apelar para "lhe darem o benefício da dúvida".

No plenário, "os trabalhadores vão decidir os próximos passos que vão dar na luta pelas suas reivindicações e pela resolução do conflito com a administração da Somincor", disse o sindicalista, admitindo que "os trabalhadores poderão decidir dar o benefício da dúvida ao novo administrador-delegado ou avançar mesmo assim com novas formas de luta", como a greve.

"Se os trabalhadores decidirem que se deve partir mesmo assim para novas formas de luta, como a greve, teremos de ir por aí, porque são eles que mandam e eles são sempre soberanos", frisou.

Jacinto Anacleto disse que "a Somincor, num comunicado enviado ao STIM, não revela quais foram os motivos que levaram à demissão" de Michael James Welch.

No entanto, afirmou, "o STIM não vê outro motivo para a demissão que não seja o conflito laboral que provocou as três greves de trabalhadores que ocorrem na empresa", entre os passados meses de outubro e dezembro, e levaram a paragens na extração e na produção de minério na mina de Neves-Corvo.

Os trabalhadores reivindicam o fim do regime de laboração contínua no fundo da mina, a "humanização" dos horários de trabalho, a antecipação da idade da reforma para os funcionários das lavarias, a progressão nas carreiras, a revogação das alterações unilaterais na política de prémios e o "fim da pressão e da repressão sobre os trabalhadores".

Segundo Jacinto Anacleto, o plenário geral inclui três reuniões hoje, uma que começou às 06:20 e outras duas marcadas para as 14:20 e as 22:20, e uma última com início previsto para as 22:20 de sexta-feira e que deverá terminar já na madrugada de sábado.

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