"Em abril, aquando da poda das árvores, foi-nos garantido pelo senhor vice-presidente [Carlos Monteiro] que não haveria abate de árvores na zona envolvente ao jardim Fernando Traqueia, em Buarcos. Ou mentiu ou desconhece o projeto, mas é revelador do autoritarismo com que a Câmara Municipal trata o espaço público", disse à agência Lusa Ricardo Silva, vereador da autarquia e presidente da concelhia do PSD. .A autarquia da Figueira da Foz vai abater árvores com várias décadas no âmbito da requalificação urbana em curso na vila de Buarcos, mas a iniciativa tem a oposição de cidadãos, que admitem impedir o corte agendado para quinta-feira. .Em causa está o abate de 16 árvores, faias, plátanos e outras espécies, com dezenas de anos, localizadas em dois espaços ajardinados frente à estação dos CTT e mercado municipal de Buarcos, que foram recentemente marcadas com cruzes vermelhas e cujo corte está agendado para a manhã de quinta-feira, confirmaram fontes da empresa responsável pelos trabalhos. .O vereador da oposição disse ainda lamentar que durante a obra de requalificação, que se iniciou em junho, "já tenham sido cortadas dezenas de palmeiras com mais de 30 anos e metrosideros", uma árvore ornamental, nas zonas relvadas junto à marginal fronteira à praia. ."Estas espécies poderiam ter sido transplantadas, algumas já tinham sido transplantadas há 12 anos para aquele local", recordou Ricardo Silva. .O autarca do PSD disse ainda que o corte de árvores na cidade não se resume ao projeto de Buarcos, afirmando que "nos últimos seis anos foram cortadas dezenas de árvores e não foram repostas outras", numa alusão a uma intervenção junto ao quartel da GNR e a uma outra que transformou um jardim num parque de estacionamento. .Ricardo Silva critica ainda o executivo PS por "não ter dialogado com ninguém", investidores, comerciantes e população sobre as obras de requalificação urbana em curso - o investimento de 1,3 milhões de euros na qualificação da frente marítima de Buarcos e a intervenção, orçada em 2,5 milhões, na zona histórica da Figueira da Foz - para encontrar soluções para eventuais problemas. ."A obra de Buarcos foi apresentada publicamente em horário laboral, parece que foi de propósito para ninguém poder assistir. E queremos saber o que vai acontecer à estátua do Pescador, que foi construída em 1993 com dinheiros de um peditório público e ninguém sabe se fica no mesmo local", ilustrou Ricardo Silva. .O líder do PSD da Figueira da Foz alegou que as obras de requalificação urbana "são um esbanjamento de recursos públicos", contestando a alegada falta de estudos que suportam a sua execução, como um estudo rodoviário "para justificar o corte de ruas e estacionamentos". ."Que objetivos se pretendem atingir com estas obras? Há outras zonas nobres do concelho ao abandono, com ruas sem passeios e estradas sem alcatrão, enquanto impera o autoritarismo, a falta de ideias e o populismo eleitoral", criticou. .A agência Lusa tentou ouvir o presidente da autarquia da Figueira da Foz, João Ataíde. e o vice-presidente, Carlos Monteiro, que detém os pelouros do Ambiente e das Obras Municipais, mas até ao momento os contactos foram infrutíferos.