Produtor Harvey Weinstein expulso da Academia norte-americana de cinema

A Academia norte-americana de Cinema e Ciências Cinematográficas, que atribui os Óscares, anunciou hoje que decidiu expulsar o produtor Harvey Weinstein, acusado de assédio, agressão sexual e violação de mulheres.
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Reunida hoje de urgência, a Academia votou esta decisão "bastante para além da maioria necessária de dois terços", anunciou a entidade num comunicado.

"Não somente nos distanciamos de alguém que não merece o respeito dos colegas, mas enviamos uma mensagem clara de que acabou o tempo da ignorância deliberada e a cumplicidade vergonhosa relativamente a comportamentos de agressão sexual e assédio no local de trabalho na nossa indústria", indica ainda a Academia.

As acusações foram feitas por cerca de trinta mulheres que trabalham na indústria do cinema, entre elas Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Lea Seydoux, Judith Godrèche, Ashley Judd, e Rosanna Arquette.

Harvey Weinstein, que durante muitos anos dominou Hollywood, recebeu uma chuva de críticas e comentários de repúdio depois de, na última semana terem sido publicadas notícias, nos jornais New Yorker e New York Times, revelando inquéritos ao seu comportamento baseados em dezenas de acusações.

"O que está aqui em causa é um problema profundamente inquietante que não pode ter lugar na nossa sociedade", sustenta a Academia no comunicado.

O conselho diretivo da entidade "continua a trabalhar para estabelecer normas de ética de conduta, e todos os membros da Academia devem dar o exemplo", acrescenta.

De acordo com as revistas Variety e The Hollywood Reporter, apenas um membro da Academia tinha sido expulso até hoje, nos 90 anos de existência da instituição do cinema: Carmine Caridi, um ator que fez circular cópias confidenciais de filmes.

Esta semana, em comunicado divulgado pela imprensa especializada, a academia responsável pelos Óscares já classificava a conduta de Weinstein como "repugnante, abominável e antiética", abrindo a porta à possibilidade de expulsar o produtor da instituição.

Na quarta-feira, a Academia Britânica de Cinema e Televisão (BAFTA) anunciou a suspensão imediata da sua associação ao produtor.

Depois de um primeiro artigo do New York Times, na quinta-feira 05 de outubro, revelar várias acusações de assédio sexual contra Weinstein ao longo de décadas, mais de 30 mulheres denunciaram a violência sexual de que dizem ter sido alvo, por parte do produtor norte-americano galardoado com um Óscar pela produção de "A Paixão de Shakespeare" (1998).

Num comunicado então enviado ao jornal, Weinstein admitiu o comportamento, pediu perdão, uma segunda oportunidade e acrescentou que tentava corrigir a forma de atuar há dez anos, com recurso a terapia.

Dias depois da notícia original, a revista New Yorker, numa investigação assinada por Ronan Farrow, revelou que três mulheres acusam Weinstein de violação, algo do qual a atriz Rose McGowan disse também ter sido vítima.

Múltiplas personalidades do mundo cinematográfico, como as atrizes Meryl Streep, Kate Winslet, Judi Dench e Jennifer Lawrence, que colaboraram profissionalmente com o produtor, vieram a público condenar o comportamento de Weinstein, vozes às quais se juntaram também a de atores como Colin Firth, Mark Ruffalo, George Clooney e Christian Slater.

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