Portugueses no Canadá querem mostrar comunidade bem integrada na sociedade local

O conselheiro das Comunidades Portuguesas no Canadá Daniel Loureiro considera que o primeiro-ministro António Costa, em visita ao Canadá, vai ver uma comunidade portuguesa "bem integrada na sociedade local".
Publicado a
Atualizado a

"Esta é uma oportunidade para mostrar ao primeiro-ministro e aos membros do governo que a nossa comunidade aqui faz coisas boas e bonitas e que se integrou bem na sua sociedade de acolhimento", afirmou à Lusa Daniel Loureiro, de 27 anos, filho de emigrantes ribatejanos.

Ao longo de quatro dias de presença no Canadá, com início na quarta-feira, António Costa, além de Otava, Kingston e Toronto, estará ainda em Montreal, em 05 de maio.

O conselheiro das Comunidades Portuguesa no Canadá destacou ainda a componente "muito comunitária" da visita, algo que acredita ser "muito benéfico" para a comunidade portuguesa no Canadá.

As relações bilaterais vão sair "fortificadas com esta visita", com Daniel Loureiro a destacar o Acordo de Livre Comércio entre a União Europeia e o Canadá (CETA), tema que vai estar no centro da discussão entre António Costa e Justin Trudeau.

"São cerca de 900 milhões de dólares (580 milhões de euros) em trocas comerciais entre os países. Sem dúvida este será o tópico mais abordado, sem deixar de fora outros temas, como o da imigração e o acordo de mobilidade juvenil", sublinhou Daniel Loureiro.

O Canadá e a União Europeia, com o apoio do Governo português, concluíram em 2016 um Acordo Económico e Comercial Global (CETA), que entrou em vigor no final de 2017.

Entre outros pontos, o acordo prevê uma redução de 90,9% das taxas aduaneiras canadianas, o que se julga que facilitará as exportações de produtos nacionais, designadamente de vinho (que em 2015 atingiu os 54 milhões de euros) e queijo (1,6 milhões de euros em 2015).

A imigração é um tema "muito sensível", apesar de não existir nenhum acordo entre os países, o Conselheiro das Comunidades Portuguesas reconhece que a comunidade portuguesa no Canadá "está bem integrada".

"Somos trabalhadores e viemos são um busca de uma vida melhor. Espero que o acordo de mobilidade juvenil seja assinado, mas não ficarei surpreso se ficar para uma outra oportunidade", declarou.

O Programa Internacional Experience Canada (IEC) facilita a cooperação bilateral na mobilidade jovem entre ambos os países, proporciona oportunidades para os jovens canadianos e cidadãos dos países que integram o acordo, entre os 18 aos 24 anos.

A imigração é uma questão muito "sensível, e segundo alguns especialistas só nas áreas da construção e da agricultura existem 200 mil trabalhadores indocumentados.

Nesse sentido, Daniel Loureiro espera que se discuta este tema para que "se possa facilitar a vinda de portugueses que desejem o Canadá".

Dos problemas que a comunidade lhe faz chegar, o conselheiro realça a "falta de serviços" nos consulados.

"As pessoas só vão ao consulado quando precisam de algo, mas muitas vezes fazem as coisas em cima da hora. Por isso os serviços não são sempre prestados com essa rapidez, isto claro, por falta de recursos humanos e tecnológicos", frisou.

No entanto "isto não quer dizer que não faça chegar" a mensagem ao Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

A ligação afetiva a Portugal acaba também por merecer um grande destaque para Daniel Loureiro.

"As pessoas muitas vezes perguntam-me o que faz Portugal por nós e vice-versa. Claro que o meu primeiro objectivo é fazer com que a nossa comunidade participe na vida política, social e económica de Portugal, na nossa sociedade de acolhimento", explicou.

Na opinião do conselheiro, o mais importante é que a comunidade no Canadá "mantenha viva e língua e a cultura portuguesa", para que continuem a ter uma "participação cívica e política", apoiando os diferentes "movimentos associativos, quer na vertente social, económica, política e familiar".

A transmissão da língua e da cultura portuguesa aos mais novos deve ser o "grande projecto das comunidades portuguesas" localizadas nas várias regiões do Canadá.

"Só assim é que a nossa comunidade se manterá viva e continuará a crescer. Temos uma responsabilidade individual de continuar a manter viva a nossa língua, a nossa cultura e as nossas tradições", concluiu.

Segundo uma nota do governo canadiano, existem no país cerca de 480 mil portugueses e lusodescendentes.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt