O apelo conjunto do Presidente francês, Emmanuel Macron, e da chanceler alemã, Angela Merkel, surge depois do Grupo de Contacto sobre a Ucrânia, fórum composto por representantes de Kiev, Moscovo e da Organização Europeia para a Segurança e Cooperação (OSCE), ter anunciado, na quinta-feira, uma nova declaração de cessar-fogo para a zona leste do território ucraniano, área dominada por separatistas pró-russos..Este fórum tripartido permitiu a assinatura dos acordos de paz de Minsk em 2015, um texto político que se transformou em letra morta e cujas disposições têm sido regularmente violadas, nomeadamente as tentativas de tréguas..Na quinta-feira, o Grupo de Contacto anunciou um novo cessar-fogo que deverá entrar em vigor a partir de sábado (dia 29 de dezembro), por ocasião do Ano Novo e do Natal dos cristãos ortodoxos, assinalado a 07 de janeiro.."A proximidade das festividades do Ano Novo e do Natal ortodoxo deve fornecer uma oportunidade para as partes do conflito no leste da Ucrânia se concentrarem nas necessidades da população civil, que está a sofrer há muito tempo", declararam os dois líderes ocidentais, cujos países também assinaram os acordos de Minsk e têm marcado presença em outras tentativas de negociação..França e Alemanha declararam ainda que querem "continuar a trabalhar na implementação de todos os pontos que constam nos acordos de Minsk"..No mesmo comunicado conjunto, divulgado pela Presidência francesa, Macron e Merkel manifestaram-se também muito preocupados com a atitude de Moscovo na península ucraniana da Crimeia e no estreio de Kerch, que separa o Mar de Azov do Mar Negro e que tem sido cenário de disputas entre a Rússia e a Ucrânia.."A situação dos direitos humanos na Crimeia, ilegalmente anexada pela Rússia, o uso da força militar russa no estreito de Kerch e as inspeções excessivas realizadas no Mar de Azov, são igualmente para nós fontes de uma profunda preocupação", declararam os dois líderes, numa referência às tensões ocorridas em novembro passado..A 25 de novembro, a Rússia apresou três navios de guerra ucranianos ao largo da Crimeia e deteve os 24 elementos a bordo, acusando-os de terem entrado ilegalmente nas suas águas territoriais..Tratou-se do primeiro confronto militar aberto entre os dois países desde a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014 e do início do conflito no leste da Ucrânia entre as forças governamentais de Kiev e as forças separatistas pró-russas, que já fez, até à data, mais 10.000 mortos..Na nota conjunta, Merkel e Macron pediram "a libertação imediata e incondicional dos marinheiros ucranianos" detidos por Moscovo, para que "possam também passar as festividades com as respetivas famílias".