Hamas rejeita acusações de tortura da organização Human Rights Watch

O movimento radical palestiniano Hamas rejeitou hoje o relatório da organização Human Rights Watch que denuncia casos de tortura e repressão contra a população na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, considerando que contradiz a realidade.
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"O relatório é inexato e não é objetivo", declarou o porta-voz do Ministério do Interior do movimento islâmico que controla a Faixa de Gaza, Eyad al-Bozom.

No relatório divulgado hoje de manhã em Ramallah, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) acusa a Autoridade Palestiniana (ANP) e o Hamas de terem desenvolvido "estados policiais".

Al-Bozom disse que há uns meses a HRW pediu ao Hamas para colaborar na realização do relatório e que o movimento palestiniano lhe deu "a informação que pediu com os pormenores da situação real relacionada com detenções e interrogatórios" no enclave.

"Infelizmente, vimos que o relatório ignorou completamente os dados precisos que lhes oferecemos", lamentou o porta-voz.

O relatório indica que a Autoridade Palestiniana, controlada pela Fatah do presidente Mahmud Abbas, detém metodicamente simpatizantes do Hamas, como o movimento islâmico comete abusos semelhantes contra partidários da Fatah ou funcionários que serviram a ANP na Faixa de Gaza antes de o enclave passar a ser controlado pelo Hamas em 2007.

Durante dois anos a HRW investigou casos de detenções ocorridas em 2016 e 2017 e entrevistou 147 pessoas, a maioria ex-detidos, mas também familiares, advogados, membros de organizações não-governamentais e um médico, recorrendo ainda a relatórios médicos, documentos judiciais, fotografias e vídeos.

A organização diz que as autoridades na Cisjordânia e na Faixa de Gaza palestinianos "negam que os abusos sejam mais do que casos isolados que são investigados e pelos quais os infratores são responsabilizados", mas que as provas recolhidas "contradizem essas alegações".

A organização recomenda que os Estados Unidos e países europeus, que dão apoio a forças de segurança da Autoridade Palestiniana, assim como o Qatar, Irão e Turquia, que ajudam financeiramente o Hamas, "suspendam o auxílio às forças de segurança largamente envolvidas em detenções arbitrárias e tortura".

Considerando que "a prática sistemática de tortura pelas autoridades palestinianas pode constituir um crime contra a humanidade", a HRW recomenda no relatório à procuradora Fatou Bensouda do Tribunal Penal Internacional a "abertura de uma investigação formal a crimes graves cometidos na Palestina".

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