05 março 2018 às 05h00

Futsal: Santos foi campeão na época da "sandes e cerveja" como prémios

O Santos Futebol Clube da Venda Nova foi o segundo campeão português de futsal, em 1991/92, numa altura em que os prémios de jogo eram "uma sandes e uma cervejinha" no final.

Lusa

Mais de um quarto de século depois, Rui Mendes, um dos membros dessa equipa, relembra à agência Lusa uma modalidade "totalmente diferente do que é agora", até porque ainda tinha a denominação de futebol de 5.

"Nós não tínhamos noção (do que tínhamos conquistado). Ao fim de tantos anos, percebemos que um clube de bairro, que já quase acabou, conseguiu um título que, tirando as equipas com mais dinheiro, quase mais ninguém tem. É uma sensação de muita alegria lembrar esses tempos", disse.

Para Rui Mendes, o jogo era, na altura, muito diferente, desde o número de faltas que se podia fazer - agora há um limite de cinco -, à estratégia.

"É um jogo em que não existem tantas interrupções. É um futebol mais atrativo do que era antigamente. A nível tático, mudou tudo, porque se podiam fazer faltas, era totalmente diferente. Do futebol de 5 para o futsal, é incomparável", referiu.

O Santos era "um clube de bairro, de amadores", como muitos dos clubes que disputavam o campeonato nacional, na altura dividido duas zonas - norte e sul -, com os dois primeiros de cada uma a disputarem a fase final.

"Era mesmo aquilo da sandes e da cervejinha a seguir ao jogo, não havia prémios, nem ordenados, nem nada. A nível de condições materiais e de viagens nunca nos faltou nada, mas de resto... não é como agora, não havia vencimentos. Naquela altura, só Sporting e o Atlético é que pagavam", assumiu.

Outra das grandes diferenças é que se podia jogar ao ar livre, o que para o Santos, que jogava no seu próprio ringue, "era uma grande vantagem quando chovia e estava humidade".

"Era o que os clubes se queixavam. Naquele ano, (na fase final) o Atlético perdeu connosco em casa e queixaram-se que estava húmido e escorregavam, mas, na segunda volta, quando só precisávamos de um empate, fomos ganhar a casa deles", lembrou.

Questionado sobre se na altura se previa que o futsal pudesse conquistar a notoriedade que tem atualmente e um título europeu, Rui Mendes disse que "de ano para ano se notava que havia um crescimento maior da modalidade, a nível de jogadores e de interesse", mas foi a entrada do Benfica que fez com que acabasse por crescer.

"Isto começou com os clubes pequenos, que deixaram de ter interesse com o futebol 11, porque perceberam que praticar em ringues e pavilhões era muito mais fácil e acessível, e era muito mais barato, porque eram menos pessoas. Nunca se pensou que se desse um salto tão grande. O salto maior foi dado quando o Benfica mostrou interesse de entrar, embora já houvesse o Correio da Manhã, o Freixieiro e o Sporting", concluiu.

O clube da Amadora, nos arredores de Lisboa, disputa agora o campeonato do Inatel, depois de ter disputado a I divisão em 2001/02.

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