Estação de transferência de resíduos anunciada para Espinho contestada pela população

Uma estação de recolha e transferência de resíduos anunciada para Espinho está a motivar críticas, que a Junta de Freguesia de Silvalde atribuiu hoje à instalação desse equipamento na proximidade de habitações e de avultados investimentos industriais.
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O projeto é da Lipor - que assegura o serviço de gestão de resíduos em oito municípios do Grande Porto, inclusive o de Espinho - e resulta da alteração legal, que obriga essa entidade a criar um espaço próprio para recolha e compactagem de lixo nos concelhos que se situem a mais de 25 quilómetros dos seus centros de tratamento em Gondomar e na Maia.

"O problema é que a Lipor e a Câmara Municipal de Espinho querem instalar essa estação de transferência numa área que está a 100 metros de casas e mesmo junto a empresas que têm em curso investimentos muito grandes para os terrenos ao lado e não querem as suas novas unidades industriais coladas a um depósito de resíduos", disse à Lusa o presidente da Junta de Silvalde, José Teixeira.

Antecipando "maus cheiros, barulho e camiões que vão andar sempre a sujar a rua toda com as suas entradas e saídas", o autarca afirma que "a câmara não pode pensar só no que vai poupar no transporte do lixo e tem que se lembrar das pessoas da freguesia, que estão muito descontentes" com a instalação do referido equipamento num terreno entre a rua das Árvores e a dos Limites.

Cristina Barbosa, da administração da empresa de tapeçarias Ferreira de Sá Rugs, inclui-se entre os críticos: "Comprámos ali dois terrenos e planeamos investir 2,5 milhões de euros para lá criar uma unidade que concentre a parte artesanal da nossa produção, mas não queremos estar ao lado de um depósito de lixo".

Referindo que a sua fábrica "recebe clientes estrangeiros todos os dias", a administradora defende que a nova infraestrutura "vai prejudicar a imagem das várias empresas de topo instaladas na zona industrial de Silvalde" e também criará problemas à contratação de recursos humanos.

Contactado pela Lusa, o vereador do Ambiente na Câmara de Espinho, Quirino Jesus, explicou que, "depois de a Lipor perguntar à autarquia onde podia instalar a referida estação", a escolha recaiu sobre um terreno que "já era propriedade do município".

O objetivo é concentrar o lixo recolhido no concelho num local onde possa ser sujeito a uma primeira compactagem antes de enviado para triagem e valorização em Gondomar e na Maia, cortando assim nos respetivos custos de transporte e emissões poluentes.

"Os resíduos vão ser compactados em Silvalde e depois seguem todos para a Lipor num só camião, de maior capacidade, enquanto atualmente ainda são quatro viaturas a ir e vir todos os dias, com tudo o que isso implica em termos de combustível e portagens", nota Quirino Jesus.

A poupança será superior a 87.000 euros anuais só em deslocações, mas o vereador admite que o projeto inicial foi delineado antes de a câmara ter conhecimento dos investimentos previstos pelas empresas de Silvalde, pelo que equaciona descobrir outra morada para a estação.

"Demos 45 dias às empresas para formalizarem os seus projetos de investimento, com a apresentação de um Pedido de Informação Prévia e, caso isso se verifique, a câmara está disponível para vender o terreno que tem em Silvalde e, com essa verba, adquirir um que o substitua noutra localização", anunciou Quirino Jesus.

Qualquer que seja a localização da nova estação de transferência, fonte da Lipor informa que o investimento será na ordem dos 960.000 euros, que a área necessária para o efeito ronda os 5.000 metros quadrados e que a obra terá um prazo de execução de seis meses, criando, depois, três novos postos de trabalho diretos e um indireto.

Quanto às críticas, a mesma fonte declara: "As questões e dúvidas colocadas pela população estão a ser analisadas pela câmara, que decidirá em breve sobre o assunto. Mas qualquer instalação da LIPOR cumpre sempre todos os requisitos legais e ambientais e não temos qualquer oposição das populações aos nossos projetos".

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