O projeto turístico Casa da Torre - Quinta da Bemposta, do enólogo Anselmo Mendes, começou a ganhar forma em 2016 com a compra dos 62 hectares da propriedade que, em 2008, havia arrendado para "dar largas à sua veia de experimentador" e produzir a sua casta de "eleição", o Alvarinho.."Apaixonei-me pela quinta. Encontrei sete diferentes tipos de solos. Para quem é experimentador como eu, tenho um brinquedo ótimo para fazer investigação experimental e perceber o que cada solo imprime ao vinho Alvarinho", afirmou o enólogo, natural de Monção..Quando adquiriu a propriedade, situada na freguesia de Moreira, junto às margens do rio Gadanha, o maior afluente do rio Minho, as silvas e mato "escondiam um tesouro abandonado durante três séculos": A Casa da Torre, do século XV, com o seu "ar medieval, a lembrar um castelo da Toscânia", guardava uma história "fabulosa" que Anselmo Mendes não quis "atirar para baixo do tapete".."Foram precisos dois anos para reconstruir a história da casa e avançar para a sua reconstrução quase fiel. Foram recolhidos dados na Torre do Tombo, nos arquivos municipais e diocesanos", referiu, adiantando que aquela investigação permitiu perceber a razão do abandono prolongado a que tinha estado votada. Em 1702, a herdeira da casa, Maria Cláudia Noronha de Magalhães e Meneses, casou "com um homem muito rico da linha de Avis e foi viver para Lisboa, sem nunca mais voltar". .A habitação abrasonada, por onde passaram "as famílias mais importantes da altura desde os Castros aos Pereiras, Bacelares ou Soares" ficou entregue aos caseiros, tal com os terrenos..O projeto turístico, agora "em fase avançada", vai disponibilizar dez suites e um centro de experimentação do Alvarinho, a instalar nas três torres da casa. .Além do alojamento, com abertura prevista para junho de 2019, a produção de Alvarinho que Anselmo Mendes começou a plantar na última década e que ocupa 45 hectares chegou, este ano, às 200 toneladas de uva..Dentro de dois anos, estima o enólogo, e com mais cinco hectares que tenciona plantar, a produção atingirá o meio milhão de quilos de uva.."É a maior plantação de Alvarinho do Alto Minho e do país. Não há nenhuma propriedade com 50 hectares de plantação contínua desta casta", realçou..Para já, o Alvarinho da Quinta da Bemposta está a ser canalizado para as marcas que Anselmo Mendes tem no mercado, mas o projeto turístico prevê a criação de um novo rótulo, para um vinho "com identidade e caráter"..Além do Alvarinho, Anselmo Mendes produz Loureiro, em cinco quintas arrendadas no Vale do Lima. .Por ano, produz 800 mil garrafas de vinho Alvarinho e Loureiro, exporta para 35 países e fatura 3,5 milhões de euros.