"Atualmente, o regime económico e o regime jurídico não são capazes de explicar o mundo que nos rodeia. Este sistema terrestre requer uma gestão comum, e, se este projeto da Casa Comum da Humanidade é global e intransigível, porque é que não criamos uma economia global e intransigível?", questionou Paulo Magalhães, professor da Faculdade de Direito da Universidade do Porto, dando início à sessão de apresentação. .No encontro, que decorreu hoje de manhã na Reitoria da Universidade do Porto (UP), estiveram também presentes o vereador do ambiente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Valentim Miranda, o reitor da UP, António de Sousa Pereira, o investigador Will Steffen, da Universidade da Austrália, e ainda Viriato Soromenho-Marques, da Universidade de Lisboa..As alterações climáticas, a acidificação dos oceanos, a sustentabilidade do planeta, mas, sobretudo a influência da ação humana na destruição da Terra foram algumas das questões debatidas pelos oradores. .Para Paulo Magalhães, a solução proposta pela Casa Comum da Humanidade passa pela criação de "um condomínio", ou seja, de um sistema de contabilidade em que "todos sabemos as contribuições positivas, mas também de negativas dos estados envolvidos". ."Este projeto nunca vai ser perfeito, mas queremos que tenha uma maior capacidade de explicar a realidade, criando um sistema entre as leis da natureza, as leis jurídicas e as leis económicas", salientou..A Casa Comum da Humanidade, um projeto internacional que tem vindo a ser desenvolvido desde 2016 e que visa garantir a preservação das condições de habitabilidade do planeta, foi hoje oficialmente legalizado..O reitor da Universidade do Porto, António de Sousa Pereira, considerou o projeto "um passo importante no reconhecimento do planeta", mas também de Portugal, visto que o país recebe "uma organização pioneira na criação de um sistema global terrestre de sustentabilidade jurídica e económica"..Já para Will Steffen, um dos cientistas líderes da investigação sobre as alterações climáticas, é necessário "fazer uma escolha". ."A humanidade nunca esteve melhor, mas e o ambiente? E o nosso planeta? Os impactos globais são enormes e temos de fazer uma escolha já na próxima década, escolha essa que vai determinar a nossa sobrevivência no sistema terrestre. A única solução é alterarmos as regras do jogo", alertou o professor. .Também para Viriato Soromenho-Marques, o "futuro do planeta está dependente de duas escolhas". ."A verdade é que, ou seguimos pelo caminho atual, que é o de construirmos muros, ou seguimos pelo caminho da habitação da terra como uma casa comum", acrescentou. .A Casa Comum da Humanidade tem como membros fundadores, sete universidades públicas portuguesas e ainda a Câmara Municipal do Porto e de Vila Nova de Gaia.