Ana Rita Cavaco esteve hoje a participar num protesto de apoio a 17 enfermeiras do Hospital de Guimarães, a quem foram marcadas faltas injustificadas e descontados os dias em que não realizaram serviços da especialidade como forma de protesto pelo reconhecimento das carreiras e marcadas faltas injustificadas..Para a bastonária, a situação no hospital vimaranense é culpa do Governo, uma vez que o ministro da Saúde "é responsável, ele é a tutela, os hospitais não estão em roda livre"..Por isso, Ana Rita Cavaco defende que os sindicatos devem abandonar as negociações com o Governo, justificando que "o pressuposto para assinar o memorando [que pôs fim ao protesto dos enfermeiros] era que não acontecesse isto que aconteceu em Guimarães e, eventualmente, em Gaia"..Os enfermeiros de saúde materna e obstetrícia suspenderam durante cerca de quatro meses as suas funções especializadas, afetando várias atividades, como os blocos de parto, como forma de protestar contra a falta de pagamento pela sua especialização..Para a bastonária, a situação das 17 enfermeiras do Hospital de Guimarães é injusta porque as profissionais "vieram trabalhar todos os dias, prestando cuidados gerais, ao abrigo de pareceres do Conselho Jurisdicional da Ordem"..O Hospital de Guimarães descontou, no vencimento de outubro, os dias do referido protesto que as 17 enfermeiras cumpriram em agosto e setembro, tendo mesmo havido profissionais que ficaram a dever dinheiro ao hospital, situação que o conselho de administração defendeu decorrer da aplicação da lei. ."Um movimento de enfermeiros transversal a todo o pais, a partir de determinada altura, encetou um processo de recusa de assistência a mulheres grávidas e aos seus fetos, nomeadamente no período de parto, que, como todos sabemos, é um ato de urgência, portanto colocando mesmo em risco essas mulheres e os seus futuros filhos", disse o presidente do conselho de administração do Hospital de Guimarães, Delfim Ferreira.."Nessa sequência, o Governo pediu um perecer à Procuradoria-geral da República e homologou esse parecer, e esse parecer torna absolutamente inequívoco que, numa situação destas, as faltas são injustificadas e que, por conseguinte, darão origem a processos disciplinares", contextualizou. .Segundo Delfim Ferreira, "não basta apenas um trabalhador se apresentar ao trabalho" para que não lhe seja marcada falta injustificada, sendo necessário "desenvolver o trabalho que lhes foi distribuído". .No caso concreto, disse, as enfermeiras em causa, "elas próprias tiveram o cuidado de assinar um documento que entregaram á administração em que atestavam que se recusavam a prestar serviço e quando o serviço lhes foi distribuído pelas respetivas chefias de enfermagem foi testemunhado, mediante duas testemunhas, que se recusavam a prestar funções de assistência de auxílio urgente a mulheres grávidas..Por isso, apontou, "o conselho de administração está, pura e simplesmente, a cumprir a lei". ."Num Estado de Direito, o cumprimento da lei não é uma opção, é uma obrigação", concluiu..A bastonária dos Enfermeiros acusou, no entanto, o Governo de "hipocrisia, avisando que para haver negociações tem que haver "boa-fé" de ambas as partes. ."O que a nos faz muita confusão é ver, hoje, o senhor ministro da Saúde no Hospital de Viseu - onde foi visitar as vítimas dos incêndios - vir apelar à unidade", afirmou, considerando a situação como "uma hipocrisia"..O ministro "sabe que tem aqui estes enfermeiros, não há possibilidade de união nenhuma quando pessoas receberam 90 euros, 14 euros por mês e estão aqui todos os dias a fazer horas a mais, a trabalhar em sem condições", acusou Ana Rita Cavaco. ."Nós somos pessoas de boa-fé e o Governo se quer negociar também tem que mostrar boa-fé, não pode sistematicamente mentir aos enfermeiros", avisou a bastonária.