Segundo Mamadu Camará, diretor-geral da Floresta da Guiné-Bissau, o Governo deu ordens para, a partir da passada segunda-feira, iniciar a exportação de 1.500 contentores com madeira apreendida e que tinha sido cortada de forma ilegal entre 2012 e 2014. .A madeira em causa, essencialmente a espécie "pterocarpus violaceus", conhecida na Guiné-Bissau como "pau sangue", foi cortada durante o período em que vigorou um Governo de transição instituído na sequência de um golpe militar..A madeira será agora vendida para a China, Vietname e India, com o Estado guineense a contar arrecadar cerca de 10,3 milhões de euros..Miguel de Barros, secretário-executivo da organização não-governamental Tiniguena, uma das mais ativas na defesa e proteção do ambiente, denunciou a iniciativa, realçando o facto de o Governo ser de gestão e "sem capacidade para tomar decisões de fundo", disse. .Para o ativista ambiental, a decisão do Governo "está ferida de legalidade e de transparência" quando se sabe que está em vigor uma moratória que proíbe o abate de árvores madeireiras na Guiné-Bissau até 2020, observou. .Miguel de Barros não concorda que o Governo tenha sustentado a venda da madeira com o facto de ter cumprido com as diretrizes do CITES - Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção - que proibia a comercialização da madeira cortada de forma ilegal na Guiné-Bissau.."Essa medida não tem carater retroativo", explicou o ambientalista, para considerar a decisão do Governo de criminosa que, disse, devia merecer uma ação judicial das comunidades afetadas com o corte da sua floresta..Miguel de Barros afirma que desde os anos de 1980 que a Guiné-Bissau não fez um inventário do seu parque florestal, pelo que, sustenta, as autoridades não sabem quantificar a área afetada com o abate de árvores entre 2012 e 2014..E com a medida de venda da madeira cortada nesse período, sem que os "prevaricadores sejam castigados judicialmente", Miguel de Barros entende que o Governo "está a premiar os criminosos e a incentivar o retorno ao corte da floresta"..Ao anunciar o início de exportação da madeira cortada ilegalmente, o diretor-geral da Floresta guineense adiantou que 35 por cento do montante da venda será utilizado para o inventário florestal, fiscalização e repovoamento do parque florestal.