Em declarações à agência Lusa, o deputado do PS João Paulo Correia disse que o registo de Berardo foi "deplorável em alguns momentos", bem como "arrogante" e "irresponsável", classificando mesmo a audição de sexta-feira como "um dos momentos mais negros da vida parlamentar"..O socialista disse que "também o conselho das condecorações honoríficas, que atua debaixo do senhor Presidente da República, tem que estar atento àquilo que se passou" na audição, uma vez que a prestação de Berardo, que gerou "uma reprovação e revolta muito grande por parte da sociedade portuguesa", no seu entender "desonrou e desprestigiou a condecoração que lhe foi atribuída"..A deputada do CDS-PP Cecília Meireles classificou a prestação de Berardo como "uma deplorável falta de respeito pelos portugueses", considerando que é uma pessoa que, "com a maior desfaçatez, veio dizer que não só não paga, como está a fazer o possível para que a garantia que deu em relação a esse pagamento passe a não valer nada"..Tal como a Lusa noticiou, o CDS-PP pediu hoje, num requerimento, acesso a documentos ao Ministério da Cultura, à Associação Coleção Berardo e à Fundação Coleção Berardo, "para perceber, afinal, qual é a situação da associação e qual é a situação da coleção", disse a deputada centrista..Pelo PSD, o deputado Duarte Marques disse à Lusa que o que choca "não é só a atitude" de Berardo, que "não surpreende", mas sim "a profundidade do que aconteceu" e a "promiscuidade que ocorreu naquele período, e a forma como o Estado e o tecido económico se envolveram num determinado conjunto de situações que levaram à falência de bancos, de empresas e das finanças públicas".."Agora temos que perceber quem é que quis ser enganado e quem é que foi enganado", considerou o parlamentar do PSD, lamentando a "prática comum durante muitos anos"..Duarte Marques afirmou que "o único responsável não pode ser só José Berardo", e que "há muitas outras pessoas responsáveis que estavam em lugares de decisão pública e política, bem como reguladores, que colaboraram nesta vergonha que aconteceu em Portugal"..No PCP, Duarte Alves classificou a prestação do empresário Joe Berardo de "absolutamente lamentável", de "confronto com o parlamento e desrespeito pela instituição"..O deputado afirmou ainda à agência Lusa que o comportamento de Berardo "também demonstra que da parte de quem geriu estes negócios" na Caixa houve um "tratamento leviano das questões de risco que levou a estas perdas"..Para o BE, na voz da deputada Mariana Mortágua, "o importante é perceber o que se passou" e não tanto "avaliar posturas", mas "é óbvio que é diferente alguém que tendo estas dívidas, com uma atitude de quase bazófia face ao golpe que deu, é sempre mais revoltante do que alguém que vem com uma postura mais sóbria. Mas o problema continua lá"..Para Mortágua, "o problema são estes grandes empresários que ninguém contestou durante anos, que receberam comendas de Presidentes da República, apoiados por sucessivos governos, que ninguém se atreveu a questionar, nem ao seu modelo de crescimento que todos sabiam que era alicerçado em dívida e em ações".