CCDRN defende ser "urgente" certificar lado português dos Caminhos de Santiago

A vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) defendeu hoje ser "urgente" uniformizar e certificar o lado português dos Caminhos de Santiago, para melhor promover e dinamizar este recurso turístico partilhado com a Galiza.
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"Os Caminhos de Santiago estão muito bem organizados do lado espanhol. Do lado português há ainda deficiências várias em termos de sinalética, de infraestrutura de apoio aos peregrinos e há uma iniciativa, coordenada pelo Ministério da Cultura, no sentido de haver um avanço importante nesta matéria, até porque nos estamos a aproximar do [ano] Xacobeo, e é absolutamente emergente do lado português haver essa organização", afirmou a Ester Silva no final de um encontro sobre turismo que juntou hoje representantes da eurorregião do Norte e da Galiza.

Este foi um "encontro para pensar e refletir o que fazer em termos estratégicos com o turismo, unindo o Norte [de Portugal] com a Galiza" e no qual foram definidas "áreas em que se necessita de uma maior coordenação", desde os Caminhos de Santiago, à Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurês e ao Rio Minho.

"Se temos um património comum, não faz sentido fazermos uma duplicação de esforços em termos de publicitação e disseminação. O que faz sentido é aproveitar a escala e garantir que, unindo as duas regiões, consigamos ter uma ação coordenada de promoção e valorização deste património", assinalou a responsável.

Para uma melhor valorização dos Caminhos de Santiago, e dada a iminência do ano santo Xacobeo em 2021, faz falta, do lado português, um "interlocutor privilegiado" que, "em diálogo com o lado galego", promova uma certificação e um "esforço de uniformização".

"O problema é, em primeiro lugar, um problema de governação", sublinhou, defendendo que a certificação do lado português dos Caminhos de Santiago é uma competência que "só a nível central pode ser levada a cabo".

Para esta certificação, e consequente valorização, será apresentada uma candidatura de cerca de dois milhões de euros ao Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriço Espanha-Portugal, indicou.

Também para Manuel Butler, representante da Turespaña (organismo do Ministério da Energia, Turismo e Agenda Digital do governo espanhol), os Caminhos de Santiago são um "produto fantástico" que, em Portugal, deve ser sinalizado como em Espanha, o que permitiria passar a uma "promoção e comercialização a nível internacional".

Já Maria Nava Castro, diretora Agência de Turismo da Galiza também presente no encontro, destacou como o caminho português tem visto aumentar a sua procura, aproximando-se do caminho francês, defendendo por isso uma "promoção conjunta" da marca: "Dois países, um destino".

Do Encontro de Turismo da Eurorregião, promovido pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal, saiu um documento final de conclusões no qual "os presentes concordam que os Caminhos de Santiago constituem um elemento substancial na história e na identidade" das duas regiões e "são também um importante recurso turístico" que "é necessário continuar, valorizar, cuidar e preservar de forma conjunta".

Nesse sentido, as duas regiões defendem ser preciso "promover os trabalhos em curso para a promoção e gestão coordenada do Caminho Português a Santiago, colaborando especialmente na concretização das suas rotas principais, na sinalização harmonizada, e na melhoria conjunta da receção e hospitalidade dos peregrinos".

Propõem-se também a "trabalhar conjuntamente na candidatura do Caminho Português a Santiago a Património Mundial da UNESCO, para que possa ser uma candidatura ibérica".

No âmbito da valorização do património turístico da eurorregião, as duas regiões consideram também necessário promover outras alternativas turísticas, como o turismo desportivo, gastronómico e o enoturismo, propondo, no âmbito da reserva Gerês-Xurês, a promoção de rotas de vinho centradas no Alvarinho/Rias Baixas, a apresentação de projetos conjuntos para a valorização dos rios Lima e Minho e a criação de uma rota conjunta pelos monumentos classificados do Norte e Galiza.

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