De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), novembro foi o oitavo mês consecutivo com valores de precipitação inferiores ao normal e o outono foi o mais seco dos últimos 46 anos, com o valor médio da temperatura máxima do ar mais alto dos últimos 86 anos..O IPMA revelou ainda que, no final de novembro, 3% do território estava em seca moderada, 46% em seca severa e 51% em seca extrema, apesar de o índice meteorológico de seca (PDSI) indicar que houve "um ligeiro desagravamento da intensidade da seca nas regiões do Noroeste, Centro e Sudoeste do território", devido à chuva que caiu nas últimas semanas..A quantidade de água armazenada em novembro desceu em dez bacias hidrográficas de Portugal continental e subiu em duas, sendo as bacias do Sado (21,6%) e do Lima (28%) as que apresentam menor capacidade de armazenamento..A seca prejudicou culturas e a produção de pasto para animais, com produtores de diversos setores a falarem de "calamidade" e a reclamarem do Governo ajudas extraordinárias para fazer face aos prejuízos..Segundo o Instituto Nacional de Estatística, a seca beneficiou de algumas culturas, como a do tomate, fruta e vinho, e prejudicou outras, como os cereais, plantas forrageiras e azeite..No Douro, a seca conduziu à antecipação generalizada das vindimas para agosto, no Alentejo os produtores florestais estão preocupados com a qualidade e a quantidade de cortiça a tirar na campanha do próximo ano e os produtores de queijo da Serra da Estrela e de Azeitão preveem uma diminuição da quantidade produzida..A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) solicitou que no Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) estejam consagradas medidas para fazer face ao período de "seca fora do vulgar"..O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, defendeu, por diversas vezes, que os portugueses têm de fazer "uso parcimonioso" da água e as autarquias responderam com medidas como a redução da rega em espaços verdes, a reutilização de águas residuais, o encerramento de fontanários, repuxos e piscinas, a redução das lavagens de arruamentos e a racionalização do uso de água nos equipamentos municipais, além de campanhas de sensibilização..A maioria dos municípios recorreu a origens alternativas de água, como poços e furos, para a agricultura e pecuária..Em locais onde a água faltou nas torneiras, as autarquias enviaram camiões-cisterna para abastecimento, nomeadamente em várias aldeias de Vinhais (Bragança) e em diversas localidades dos distritos de Évora e de Beja..Foram também enviados camiões-cisterna para a barragem de Fagilde, que abastece quatro concelhos do distrito de Viseu. .Em meados de agosto, o Governo mandou retirar mais de 150 toneladas de peixes de quatro albufeiras no Alentejo devido à seca e para não prejudicar a qualidade da água..Os partidos da oposição insistiram que o Governo não tomou todas as medidas possíveis para minimizar a seca, mas o ministro do Ambiente rejeitou as críticas..Foi este Governo que "aprovou - nunca antes nenhum o tinha feito - um plano de contingência contra a seca", com a definição de "prioridades claras", destacou Matos Fernandes..O presidente do IPMA defendeu, no início de dezembro, que a forma de utilizar a água vai ser uma prioridade em Portugal e que os sistemas de recuperação deste recurso terão de melhorar o seu desempenho.