Uma única empresa concorreu à hasta pública que neste início de 2023 promete mudar a vida do edifício nascente do Mercado Municipal de Leiria. Desde abril do ano passado - aquando da inauguração das obras de requalificação - que a cidade aguardava pela definição do futuro daquela zona..Agora desfizeram-se as dúvidas: o edifício vai receber um empreendimento na área de restauração, na sequência da hasta pública para cedência do direito de superfície, por um período de 40 anos. Com este procedimento o município vai encaixar uma verba de 4 588 476 euros, permitindo assim um investimento privado no espaço da ordem dos três milhões de euros..O resultado da hasta pública foi conhecido no final de janeiro, em reunião de câmara, com a adjudicação e aprovação do contrato, tendo como vencedora a empresa S3CTOR, Lda. Trata-se da mesma empresa que detém marcas como o Mosteiro do Leitão, Frango da Villa, A Sandes do Melhor Leitão de Portugal e a plataforma Meal to You..De acordo com a Câmara Municipal de Leiria, a proposta vencedora prevê, no piso -1, a criação de 14 espaços de armazém e instalações sanitárias, sendo o piso zero destinado a espaço de restauração e bebidas, zonas de apoio e instalações sanitárias, enquanto o piso 1 receberá um salão com 1400m2, área de apoio e instalações sanitárias, com capacidade para eventos até 400 pessoas..A vereadora Catarina Louro acredita que o espaço vai dinamizar não só o próprio mercado, como também aquela zona da cidade. Em declarações ao DN, a responsável pelo pelouro das Feiras e Mercados (que acumula com outros na área do Desenvolvimento Económico), considera que o projeto vai melhorar não só o mercado, como toda a zona envolvente..Depois das obras de requalificação que permitiram melhores condições aos vendedores e mercadores locais (no piso 0, na parte exterior e interior) e a criação de um espaço destinado às startups e serviços de economia da Câmara Municipal (piso 1), permanecia o impasse no que toca ao edifício nascente. "E, por isso, tínhamos de decidir o destino do corpo nascente, sabendo que era importante promover e criar sinergias com o outro edifício e constituir uma âncora para toda a cidade", afirma Catarina Louro.."Tivemos em cima da mesa várias áreas e acabámos por optar pela área da restauração, tendo em conta um estudo económico", explica a vereadora, adiantando que nos últimos tempos a autarquia tinha chegado à conclusão de "que faltava um espaço para grandes grupos, nomeadamente turistas ou pessoas que simplesmente se querem juntar". "Não tínhamos uma zona para acolher estes grupos grandes, e a nossa hasta pública acabou por se basear nisso, nesse desafio que lançámos ao mercado, para o transformar num espaço amplo de restauração, seja no piso 0 seja no piso 1", conclui..A verdade é que, apesar de várias empresas terem manifestado interesse no projeto, apenas uma concorreu. "Este licitante foi ao encontro das nossas expectativas. E o que achamos é que, tendo ali a Praça da Restauração, vai dinamizar mais a zona", afirma Catarina Louro, que sublinha a proximidade ao Estádio Municipal e ao Castelo..Ora, como os autocarros dos turistas estacionam na Avenida 25 de Abril, ali próximo, "todos os edifícios daquela zona irão beneficiar também com a Praça da Restauração". "A nossa preocupação foi integrar este projeto no resto do mercado, para não criar ali nenhuma resposta estranha", afirmou..Na reunião do executivo de 24 de janeiro, a cedência do direito de superfície acabou por ser aprovada por maioria, com os votos contra dos vereadores Álvaro Madureira, Daniel Marques e Branca Matos, eleitos pelo PSD. Os autarcas consideraram que a hasta pública não devia ter sido condicionada à restauração e também que a cedência do direito de superfície é demasiado longa, podendo "hipotecar o desenvolvimento da cidade"..Citado pela Agência Lusa, o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, justificou que a aposta na área da restauração é aquela que a autarquia entende ser a que poderá servir como "âncora de dinamização" para os restantes negócios da cidade, destacando que Leiria passará a ter uma sala com capacidade para grandes eventos, uma oferta até agora inexistente, tal como também referiu a vereadora Catarina Louro ao DN. O autarca justificou ainda o tempo de adjudicação com a necessidade de a empresa "precisar de tempo para recuperar o investimento"..A empresa proprietária do Mosteiro do Leitão foi a única a concorrer à hasta pública. Criada por Bruno Figueiredo e Zita Freire, a marca ganhou, entretanto, outras ramificações. O casal está ao leme de uma equipa que conta já cerca de 15 anos de vasta experiência na área da restauração, tendo criado e desenvolvido marcas que foram distinguidas com vários prémios, nomeadamente ao nível do turismo acessível e da inclusão..A proposta apresentada à Câmara Municipal de Leiria enquadra-se na estratégia de expansão do grupo, com um projeto que procura a valorização dos produtos endógenos da região de Leiria..dnot@dn.pt