Espere o inesperado". É este o mote proposto pelo novo Quake Museum - Centro do Terramoto de Lisboa, que abre esta quarta-feira em Belém, para uma viagem no tempo com a missão de reviver uma das maiores catástrofes naturais que Portugal já enfrentou..A visita a dez salas interativas é uma espécie de regresso ao dia 1 de novembro de 1755, numa aventura virtual inesquecível onde é possível conhecer a antiga sociedade portuguesa e as ruas da "Lisboa que se perdeu". Isto além de ser possível aprender sobre sismologia e proteção civil num curto "centro de treino" dedicado à prevenção..Com recurso a meios audiovisuais, luzes e simuladores em inglês, português, espanhol e francês, todos são convidados a viver uma experiência imersiva sobre aquilo que se passou nas horas antes e depois do terramoto, sem esquecer as sequelas que levaram à reconstrução de uma Lisboa visionária e os novos pensamentos filosóficos que daí surgiram..No entanto, não é só Lisboa a ser retratada este museu. Por entre as atividades ficamos também a conhecer os sismos de Tohoku (2011), no Leste do Japão, e São Francisco (1906), nos Estados Unidos, expostos propositadamente pelas semelhanças ao terramoto português. Isto porque, como uma tragédia nunca vem só, Lisboa sofreu num só dia três catástrofes: um sismo, um tsunami e inúmeros incêndios que destruíram a cidade durante dias..Este centro que junta história, ciência e tecnologia foi desafiante, segundo o historiador André Canhoto Costa, que destaca a minuciosa atenção ao detalhe na construção desta experiência. "O facto de as pessoas poderem caminhar nas ruas e cheirar, ver e sentir o ambiente é uma experiência que dá uma outra visão da cidade", explica..Para além do historiador, o Quake Museum contou com o apoio dos sismólogos Susana Custódio e Luís Matias - professores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa - e de vários investigadores do Instituto Dom Luiz que tornaram possível o rigor científico e histórico do museu..Depois de dois anos de construção, o Quake Museum conta agora com um espaço de 1800 metros quadrados, três pisos e mais de 20 funcionários prontos a ensinar cada atividade do museu. No entanto, até chegar aqui, este projeto foi um processo moroso..Foi há cerca de sete anos que Ricardo Clemente e Maria João Cruz Marques quiseram "fazer algo pela cidade" e estabeleceram o projeto para criar o Quake. De acordo com os responsáveis, tal como acontece nos terramotos, a ideia para este museu foi "inesperada": "O Quake resulta de uma paixão que nós temos por Lisboa. Queríamos fazer algo diferente em vez de um hotel ou de um restaurante e sentimos que a cidade tinha falta de museus de nova geração - interativos e com experiências imersivas.".Quanto ao tema para o museu, tudo partiu através da pergunta: "Que acontecimento marcou realmente Lisboa?" Depois, o plano começou a fazer sentido. "O projeto, que era suposto ser algo mais pequeno, acabou com que tivéssemos um simulador fantástico e toda uma história à volta do terramoto", diz Ricardo..Para além de fazer uma representação histórica realista e interativa de Lisboa na época do Iluminismo, o Quake Museum assume ainda o compromisso de informar e ensinar os visitantes a proteger-se em caso de catástrofe.."Vivemos com a ideia do sismo ainda muito presente. Sabemos que voltar a acontecer algo assim não é uma questão de "se", mas sim de "quando", devido à nossa localização tectónica." Como tal, "o objetivo é que as pessoas saiam destas salas e pensem individualmente sobre aquilo que podem fazer para contribuir e minimizar os danos de uma catástrofe". "E também que tenham uma responsabilidade civil através de gestos como um kit de emergência ou um plano familiar", defende Maria..A necessidade de adoção de comportamentos preventivos é uma das ideias presentes durante a visita, com atividades que alertam para o que não se deve fazer no caso de acontecer um sismo e quais os materiais úteis em emergências. "Tudo o que queremos é que as pessoas sintam que fizeram uma viagem no tempo e que saiam daqui melhor preparadas, porque infelizmente um dia isto vai voltar a acontecer", conclui Ricardo..Para os mais curiosos que querem viver a sensação de um terramoto (em segurança), o Quake Museum abre portas esta quarta-feira com bilhetes a rondar os 21 euros..ines.dias@dn.pt.Peça corrigida às 12:10 do dia 20 de abril com informação atualizada sobre o preçário.