PCP e BE querem explicações sobre hotel no Convento das Mónicas

Vereador do Urbanismo, Ricardo Veludo, garantiu que o licenciamento do projeto que altera o uso habitacional para turístico será sujeito a aprovação do executivo municipal.
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O vereador com o pelouro do urbanismo na Câmara de Lisboa, Ricardo Veludo, garantiu esta tarde que o projeto que converte o antigo Convento das Mónicas em hotel será submetido à apreciação do executivo camarário. Em resposta a uma questão levantada pelo PCP, Veludo disse desconhecer o projeto que altera o uso do edifício de habitacional (a proposta licenciada pela câmara em 2013) para uma unidade hoteleira de cinco estrelas, que está ainda para apreciação dos serviços camarários. O vereador da câmara de Lisboa disse também não ter recebido, por agora, qualquer pedido do Ministério Publico quanto a este caso.

Recorde-se que o movimento Cidadania LX apresentou uma queixa ao Ministério Público, alegando que o projeto viola o Plano Diretor Municipal (PDM) da cidade. O movimento alega que a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) "não se pronunciou sobre o impacto que a nova construção" terá sobre o edifício-sede da Voz do Operário, que se situa no mesmo quarteirão do antigo convento e é um imóvel classificado. O Cidadania LX alega também que não foi considerado o "óbvio impacte visual" nas vistas desde o Mosteiro de São Vicente de Fora, monumento nacional que fica nas proximidades.

As explicações de Ricardo Veludo não convenceram a vereadora comunista Ana Jara. "A resposta causa-nos alguma inquietude", diz a arquiteta ao DN - "Não sabemos quais os impactos desta obra e ficámos sem saber".

Ana Jara sublinha que o processo urbanístico em causa teve início com o PDM anterior ainda em vigor, e que é necessário acautelar que o projeto obedece às regras do PDM atual: "Um processo que apanha dois PDM's deve ser sempre objeto de uma análise cuidada por parte da câmara".

A vereadora questiona a mudança de uso pretendida para o antigo convento e sublinha que o projeto que está agora para análise camarária introduz outras alterações à versão original, nomeadamente com um aumento de 400 metros quadrados na volumetria. Ana Jara sublinha também que o antigo convento se localiza numa zona, o bairro da Graça, já pressionada pelo turismo, com o alojamento local condicionado. "Se travamos o alojamento local porque não associamos a isso as unidades hoteleiras?". A autarca sublinha que foi aprovada uma proposta do PCP para avançar com um estudo sobre a carga turística na cidade, que englobaria o impacto das duas atividades, lamentando que nada tenha sido feito até agora. E acrescenta ainda que devia haver uma discussão pública sobre o projeto: "Um hotel causa uma disrupção muito grande no seu entorno, as pessoas têm direito a pronunciar-se".

Além do PCP, também o Bloco de Esquerda manifestou ontem, no decurso da reunião pública da câmara, preocupação com o projeto previsto para o antigo convento das Mónicas, com o vereador Manuel Grilo a sublinhar que a autarquia poderá estar aqui perante um "problema grave".

Muito embora a alteração de uso ainda não tenha sido aprovada pela câmara, as obras no edifício já se iniciaram, ao abrigo do licenciamento feito em 2013 pelo então vereador do urbanismo, Manuel Salgado.

O projeto para o antigo convento prevê a transformação do edifício num hotel de cinco estrelas, com 128 quartos, com capacidade para receber 256 pessoas.

A obra implica a recuperação e remodelação do corpo do antigo convento, claustros e igreja, e a construção de um edifício novo, de traça contemporânea, que terá dez pisos - cinco acima do solo, dois "semienterrados" face ao declive do terreno e três subterrâneos, destinados a estacionamento (no total terá 123 lugares de estacionamento, 97 públicos). O topo do edifício, que será construído na área de logradouro do antigo convento, terá um terraço com "vista de 360 graus" sobre a cidade.

De acordo com o documento o acesso principal ao hotel será feito através do que é atualmente o corpo da igreja (que está desativada), onde ficará localizada a receção da unidade hoteleira.

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