Como nasceu esta ideia? O Projeto Queijeiras está alinhado com a estratégia de Inovação e Empreendedorismo da Rede de Aldeias de Montanha. Esta iniciativa surge como uma forma de homenagear as mulheres que na região da serra da Estrela e no território das Aldeias de Montanha se dedicam à produção de queijo. São estas mulheres, e em particular as que produzem queijo serra da Estrela, as responsáveis por um dos produtos de maior tradição e autenticidade da região, um queijo reconhecido nacional e internacionalmente pela sua excelência. Mas tão importante como a capacitação e empoderamento destas mulheres, é envolver a comunidade neste processo. Esta ação é uma forma de capacitar e sensibilizar também a sociedade para a importância do consumo de produtos tradicionais portugueses com impacto na economia local dos territórios e consequentemente na preservação e prestação de serviços aos ecossistemas de montanha. Queremos juntar neste projeto estas mulheres extraordinárias, que são as grandes embaixadoras da serra da Estrela. Como? Convidando a designer Sandra Pinho, que se inspirou na forma simples do queijo, no saber fazer destas mulheres e na autenticidade do território, para criar a capa Queijeiras. A simplicidade guiou a concretização de todo o conceito criativo, desde o corte até aos acabamentos..Onde será produzida? É produzida na Burel Factory, em Manteigas, empresa liderada por uma mulher, Isabel Costa. O storytelling é um componente muito forte desta capa, já que paralelamente foi criada uma narrativa que nos liga sempre ao nosso propósito de enaltecer e capacitar estas mulheres, construindo um universo onde o saber-fazer das queijeiras e a nobreza das matérias-primas naturais tão identitárias do território da serra da Estrela e das Aldeias de Montanha - do burel, das ovelhas, do leite, do cardo - estão em permanente destaque. Agora queremos, muito que Portugal adira a esta causa. E para tal basta que se liguem emocionalmente ao projeto, comprando a capa através do site (www.queijeiras.pt) e o livro As Histórias das Guardiãs da Montanha..Qual a história das queijeiras que mais vos impressionou? Há histórias incríveis que ficaremos a conhecer com o livro. Mulheres que fizeram a escola primária e começaram ainda crianças, aos 12 anos, a fazer queijo. Nunca tiveram outra ocupação. Há jovens com formação académica superior que decidiram regressar às origens e enveredar pela produção de queijo. E outras que nada sabendo de queijo, ou de criação de rebanhos, abandonaram vidas mais urbanas e vivem agora no campo. Há inclusive uma que frequentou a escola de pastores, uma iniciativa inovadora em Portugal integrada noPrograma de Valorização da Fileira dos Queijos da Região Centro. São muitas histórias e todas verdadeiramente inspiradoras e com características transversais: mulheres resilientes, trabalhadoras e de um coração enorme, que merecem mesmo esta homenagem das Aldeias de Montanha e de todos os portugueses. Queremos que as histórias destas mulheres sejam também de inspiração..Como são importantes socialmente e para o tecido económico local estas queijeiras? Socialmente achamos que deverão ser mais valorizadas pelo seu papel na produção de um ícone gastronómico nacional. É obrigatório saber quem é a queijeira que produz o queijo de que mais gostamos, qual a sua história. É essa possibilidade que temos quando optamos por um produto local, podemos tecer fios de ligação emocional com o que consumimos, e com a nossa própria identidade enquanto portugueses. Estas mulheres têm já um importante contributo para economia local quer pela comercialização do produto, quer na atividade agropastoril que lhe está diretamente associada, e que é de enorme valor para a preservação da paisagem da serra da Estrela. Por isso, este projeto acaba por contribuir ativamente não só para a sustentabilidade económica e social, mas também para a sustentabilidade ambiental de todo o ecossistema da montanha..O que visa este programa de capacitação? O propósito deste projeto é um curso de formação em soft skills e partilha de conhecimento, através de uma parceria com a ONYOU, para o empoderamento pessoal e profissional destas mulheres com uma série de ferramentas atuais, passando pela criação de modelos de negócio, construção de uma rede de networking, desenvolver uma personal brand ou trabalhar a comunicação dentro e fora das redes sociais - num módulo apresentado pela jornalista Fernanda Freitas..Daqui a um ano, já sem pandemia, que papel poderão ter estas queijeiras naquela região? Estas mulheres, e em particular com o negócio da venda do queijo, obviamente que tiveram uma grande quebra nas vendas. No entanto, realça-se o grande apoio dos municípios que rapidamente se mobilizaram na viabilização de plataformas de marketplace que permitiram escoar o produto. Não foi a mesma coisa, mas percebemos que foi um enorme contributo. Daqui a um ano queremos muito que estas mulheres estejam a iniciar o curso de formação, e para isso precisamos mesmo que nos apoiem comprando uma capa e um livro, e depois obviamente que desejamos que cada uma delas aplique em contexto pessoal e profissional os conceitos adquiridos no curso. Nomeadamente que possam levar o seu projeto ainda mais longe e que o queijo que produzem seja ainda mais reconhecido e valorizado por todos..dnot@dn.pt