As queixas multiplicam-se: o terreno, próximo de habitações e de superfícies comerciais, não é limpo e os carros rebocados pela Polícia de Segurança Pública (PSP) estão ao abandono. Segundo a Junta de Freguesia de Carnide, estas reclamações “não são novas” e até já terão sido feitas várias propostas para que o parque da PSP saia da Azinhaga da Torre do Fato, em Telheiras..A Junta de Freguesia de Carnide até apresentou uma solução: deslocar o parque daquela zona para a proximidade da Quinta do Olival, a cerca de um quilómetro da localização atual. O motivo? Aí, junto ao cemitério de Carnide, já há outro parque de viaturas rebocadas, que serve exatamente para o mesmo. “Isso permitiria poupar dinheiro e dispensar o efetivo policial que guarda o parque de Telheiras e que pode fazer falta para outras funções”, explica ao DN Fábio Sousa, presidente da junta..Segundo o autarca, os moradores têm feito queixas ao longo do tempo, sobretudo ligadas à questão da “insalubridade e dos possíveis focos de incêndio”. “Acham que aqueles terrenos não têm tido a devida manutenção, há muita vegetação, sobretudo canas e caniços. Também fica difícil fazer ali a questão do controlo de pragas e falam-nos, mesmo, da existência de alguns ratos. De facto, a falta de cuidado potencia tudo isso”, comenta. Em 2022, aliás, até já houve um incêndio ali ao lado, num armazém de pneus, que obrigou a retirar os moradores das casas junto a este terreno. “Nessa altura foram feitos alguns alertas, porque se ficou com medo. O terreno tem mesmo muita vegetação”, avisa Fábio Sousa..Pedro Pinto mora ali ao lado, fala num “espaço ao abandono e desleixo”e deixa o mesmo alerta: “Há imensos veículos naquele espaço que estão completamente destruídos. Já não é um parque de viaturas rebocadas, mas sim de viaturas abandonadas, e algumas das que ali estão até são da própria PSP. Se houver um incêndio ali, como já houve, é impossível tirar alguns desses carros. E, por outro lado, até que ponto não haverá outros com combustível no depósito naquele espaço? Não sabemos o que aconteceria.”.De acordo com o morador, a PSP fez uma “pequena limpeza” no terreno durante o passado mês de outubro. Mas a sobrelotação do espaço continua..Questionada pelo DN sobre este tema, fonte da PSP explica que a limpeza do terreno, de facto, “cabe contratualmente” à polícia, e que têm sido feitas operações de desmatamento. Já este ano, acrescenta, “foi novamente levada a cabo uma limpeza de fundo ao parque, reorganizando-se também a disposição das viaturas”. .Ainda de acordo com a mesma fonte, há também a “intenção” por parte da PSP em delimitar “os espaços de circulação de viaturas com material adequado”, com o objetivo de “limitar o reaparecimento de vegetação”..Segundo a força de segurança, o tema tem, ele próprio, suscitado debate entre a PSP e a Câmara Municipal de Lisboa (CML), “com a intenção de se encontrar alternativas”. Porém, diz a polícia, “não há ainda uma solução que permita prever a remoção dos carros a afetação da área a outra finalidade”..Fábio Sousa frisa que a própria Junta de Freguesia de Carnide já contactou a PSP, que “mantém uma postura de disponibilidade”, mas pouco proativa. “Se calhar estou a ser altamente injusto, atenção, se calhar posso estar a ser altamente injusto para com a PSP e não queria, mas não sinto que sejam muito dinâmicos e proativos no sentido de encontrar uma solução”, assume o autarca..A CML foi também questionada sobre este tema: “Houve encontros entre a PSP e a vereadora com o pelouro do urbanismo? Têm recebido queixas por parte de moradores? A Junta de Freguesia de Carnide apresentou soluções ou sugestões para este espaço?”. Até as fecho desta edição, o DN não recebeu respostas por parte da Câmara.