Rui Moreira critica Diocese do Porto e diz que não aprovará mais nenhum "tostão" para a Igreja
A relação entre a Câmara Municipal do Porto e a Diocese do Porto está em rota de colisão, na sequência de uma polémica alienação de imóveis pertencentes à Igreja. Durante a reunião do executivo municipal, o presidente da Câmara, Rui Moreira, foi contundente nas críticas, afirmando que ficou "claro que o objetivo era impedir o direito de preferência, seja dos moradores, seja da Câmara do Porto".
O autarca revelou ter abordado o tema diretamente com o padre Samuel Guedes, depois das transações realizadas pela Diocese, incluindo imóveis localizados nos bairros das Eirinhas e de Miragaia. As operações envolveram permutas com empresas de construção civil, o que gerou receios de despejo entre os moradores locais.
A resposta do bispo do Porto, Manuel Linda, à posição da autarquia, foi considerada “insultuosa” por Rui Moreira: “Uma não resposta nesta matéria é insultuosa”, afirmou, citado pela agência Lusa.
O presidente da Câmara assegurou ainda que irá enviar uma carta ao núncio apostólico, arcebispo Ivo Scapolo, denunciando o que considera um afastamento da Igreja da tradição portuense de proximidade com a comunidade.
Numa medida sem precedentes, o autarca anunciou também que, até ao final do seu mandato, a Câmara do Porto não aprovará qualquer deliberação "no sentido de contribuir com qualquer tostão para a Igreja Católica".
O executivo municipal aprovou por unanimidade um voto de protesto apresentado pela CDU, condenando as alienações levadas a cabo pela Diocese no bairro das Eirinhas e em Miragaia.