As inundações na baixa de Algés não são um tema de hoje, mas, sempre que chove com mais intensidade, as águas da Ribeira de Algés saem do seu curso para afetar as ruas, uma situação que se agrava quando as marés sobem também no Rio Tejo. Nestes dias, o assunto volta à ordem do dia, mas, para o município de Oeiras, “é uma situação e uma preocupação permanente que, infelizmente, ainda não foi resolvida”, disse ao DN Joana Baptista, vereadora das Obras Municipais, Ambiente, Proteção Civil e Mobilidade. .A autarca recorda que as reivindicações do município de Oeiras junto da Infraestruturas de Portugal quanto à estação de Algés não são de hoje, nem sequer remontam a dezembro de 2022, quando as inundações na baixa de Algés provocaram milhares de euros de prejuízos. “As reivindicações retroagem há décadas, porque, além da questão das cheias, estamos a falar de uma estação que não responde só às necessidades do município de Oeiras, mas às necessidades da Grande Lisboa, porque é um verdadeiro interface de transportes”.As queixas do município, e dos seus habitantes, continuam, por isso, atuais. “É uma estação datada, obsoleta, que não oferece quaisquer condições de conforto”, reforça a vereadora. Neste contexto, assume, “não é possível pedir às pessoas para abdicarem do carro e optarem pelo transporte coletivo enquanto tivermos uma estação naquelas condições”..Ausência de resposta motiva ação do município.Depois de décadas de inação, e perante a gravidade das cheias do inverno de há dois anos, a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) “respondeu prontamente”. Joana Baptista explica que, “enquanto a Infraestruturas de Portugal nada faz”, a autarquia avançou com o desassoreamento contínuo e permanente na Ribeira de Algés, o que impede que numa situação de precipitação intensa não haja retorno das águas para a baixa de Algés. Além disso, revela ainda a vereadora, foram colocadas comportas contra enchentes em todos os vãos, seja de comércio seja de habitação, em todas as ruas da baixa de Algés. Só neste projeto já foi feito um investimento que ultrapassa os 200 mil euros que, somados aos trabalhos de desassoreamento, somam mais de meio milhão de euros. Em 2024, salienta a responsável da CMO, “temos máquinas a fazer desassoreamento num troço que não pertence ao concelho de Oeiras, pertence a Lisboa, mas não interessa”. O importante, assegura a vereadora, é que as condições de segurança estejam salvaguardadas para o cidadão..No entanto, estas continuam a ser apenas medidas preventivas que não retiram a urgência da obra definitiva e estruturante “que tem que acontecer”. Joana Baptista defende que esta intervenção no desvio e ampliação da conduta encanada da Ribeira de Algés, entre o Largo Comandante Augusto Madureira e a Foz “não pode esperar mais, têm que avançar já”. Também esta é uma obra que já tem muitos anos de reivindicação por parte do município de Oeiras, e é uma intervenção que a autarquia tem solicitado permanentemente à tutela - neste caso, o Ministério do Ambiente -, à Agência Portuguesa de Ambiente (APA) e aos vários municípios, porque se trata de uma ribeira intermunicipal, que nasce no município de Amadora, passa pelo de Lisboa e pelo de Oeiras. “Somos todos responsáveis por esta obra, mas nós temos feito mais pressão e até nos disponibilizámos a comparticipar com 50% do valor necessário”, admite a vereadora. .‘Entalados’ entre dois ministérios.Um dos grandes problemas que continua a atrasar a resolução definitiva dos problemas das inundações nas ruas de Algés e no túnel de acesso à estação ferroviária é o facto de serem temas tutelados por diferentes ministérios. Recuando a 2022, e apesar da insistência do município junto do Ministério das Infraestruturas e do Ministério do Ambiente, “o assunto acabou por ficar sempre na gaveta”, como revela Joana Baptista. .Mais recentemente, e após a mudança de Governo, o município de Oeiras já reuniu com o atual Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, e, admite a vereadora, “foi uma reunião claramente positiva, porque o Ministro das Infraestruturas, sendo um ex-autarca, está muito sensibilizado para aquilo que são as problemáticas das pessoas e a vivência no território”..No que se refere à Ribeira de Algés, “que é talvez o assunto mais preocupante, mais problemático e mais complexo que hoje em dia temos em Oeiras e que não podemos adiar mais”, a CMO tem reunião agendada com o Ministério do Ambiente na próxima semana. Em 2012, a APA estimava o custo de cerca de 30 milhões de euros para esta obra, valor que, acredita Joana Baptista, aos preços atuais deva rondar os 40 milhões de euros.