É já no próximo dia 31 de janeiro que decorre, na Quinta do Passal, em Gondomar, uma ação de capacitação de voluntários que querem contribuir para o mapeamento de árvores de grande porte no concelho. O objetivo é conseguir que estes embaixadores ajudem a identificar e, consequentemente, a proteger os chamados ‘gigantes verdes’, árvores cujo tronco tem mais de metro e meio de perímetro. Ou, de uma forma mais simples, “árvores que uma pessoa adulta não consegue abraçar sozinha”, como explica o biólogo João Gonçalo Soutinho.Foi no âmbito da sua tese de mestrado que João começou este projeto, e que permitiu fazer o levantamento destas árvores em Lousada, onde habita. Desde 2018, quando o projeto ‘Gigantes Verdes’ arrancou, já mapeou mais de 7000 árvores no concelho. E percebeu que este imenso património ambiental estava a desaparecer “a um ritmo um bocadinho acelerado”, estimando a perda de cerca de 150 destas árvores ao ano, ou seja, cerca de 2% do total existente. Porquê? “Principalmente por questões económicas”, diz o biólogo, sublinhando que “o terreno vale mais sem estas árvores”. Assim nasceu a Verde - Associação para a Conservação Integrada da Natureza, que pretende “valorizar e preservar estas árvores”, sensibilizando as populações para o “papel crucial” que têm na preservação da biodiversidade, no sequestro de carbono e na mitigação das alterações climáticas. Segundo a Verde, estas árvores sequestram 50kg de carbono da atmosfera por ano e têm, em si, mais de 1500kg armazenados.Desde 2021 até ao momento, o trabalho esteve “muito focado” em Lousada, mas, em 2024, a Verde ganhou o prémio EDP Energia Solidária ao qual se candidatou para replicar este projeto em 10 novos municípios, capacitando em cada um deles pessoas para que, na sua atividade ou durante os seus passeios, ajudem a “colocar estas árvores no mapa”. Serão os chamados ‘Embaixadores de Gigantes Verdes’, que receberão formação por parte da Verde - o objetivo é capacitar 200 nestes novos concelhos envolvidos.Gondomar é um deles e tem a ação de formação agendada para 31 de janeiro. “Sendo nós um concelho rural, e integrando o Parque das Serras do Porto, pareceu-nos de toda a importância aderirmos a este projeto”, explica a vereadora do Ambiente. Ana Luísa Gomes assume que, “acima de tudo, o objetivo é ajudar à sensibilização das populações para a importância ecológica, social e patrimonial destas árvores”. Um trabalho vital para que sejam também mais valorizadas. “Precisamos de explicar às pessoas que estes gigantes verdes são muito importantes para a biodiversidade, porque têm oito vezes mais fauna nos seus ramos e nas suas estruturas que as outras, e porque sequestram 68 vezes mais carbono do que uma árvore plantada há dez anos”, sublinha.Além da capacitação desses 20 embaixadores, Gondomar irá organizar três caminhadas de mapeamento de gigantes verdes, também com o apoio da associação Verde, abertas à população local. As duas primeiras têm já data marcada, serão a 30 de março e a 24 de maio. O objetivo é mapear 750 árvores, até ao final do ano, em Gondomar e em cada um dos restantes nove municípios envolvidos, de modo a atingir o número total de 7500.