O executivo da Câmara do Porto aprovou esta segunda-feira por unanimidade classificar o Centro Comercial Stop como imóvel de interesse municipal e a constituição de uma zona geral de proteção de 50 metros.A aprovação da classificação pelo executivo é o culminar de um processo que se iniciou em novembro de 2023.Apesar da aprovação, o vereador do Bloco de Esquerda (BE), Sérgio Aires, defendeu que a classificação "não resolve problema nenhum", uma vez que os artistas "continuam a sair" do espaço."Temos de continuar a fazer tudo para preservar o Stop", referiu, questionando a maioria municipal sobre a intenção anteriormente anunciada de vir a adquirir os cinemas.Em resposta ao BE, o presidente da Câmara do Porto afirmou que a classificação "tem vários propósitos", um dos quais refutar as acusações relacionadas com um eventual "interesse imobiliário de que o município era cúmplice"."O assunto fica resolvido", referiu Rui Moreira, reforçando que o município continua interessado nos cinemas, mas que não pode avançar com a aquisição sem a licença de utilização.Já a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, considerou que a criação da zona geral de proteção "é uma boa ajuda", sobretudo para resolver o litígio que decorre em tribunal relativamente à porta de segurança que, alegadamente, terá sido vedada pelo proprietário do terreno nas traseiras.Pelo PS, Rosário Gamboa afirmou que a classificação "é muito bem-vinda" e destacou o caminho que foi traçado tanto pelo município como pela Assembleia da República desde o encerramento do centro comercial.Em resposta à vereadora, Rui Moreira criticou a falta de interesse do Ministério da Cultura, então liderado pelo PS, em avançar com a classificação do Stop.Já a social-democrata Mariana Ferreira Macedo considerou a classificação "um passo essencial para contribuir para a continuidade" do Stop enquanto "templo da música" e um "compromisso real com a cultura".A classificação do Centro Comercial Stop como imóvel de interesse municipal implica, ao abrigo da Lei de Bases do Património Cultural, a constituição de uma zona geral de proteção de 50 metros, contada a partir da delimitação do imóvel.Em 18 de julho de 2013, 105 das 126 lojas do centro comercial, onde maioritariamente funcionam salas de ensaio de música e estúdios, foram seladas pela Polícia Municipal do Porto, deixando quase 500 artistas e lojistas sem terem para onde ir.A operação foi motivada por falta de licenças de utilização para funcionamento, bem como por falta de condições de segurança.Depois de muita contestação, o Stop reabriu a 04 de agosto desse mesmo ano com um corpo de bombeiros em permanência à porta, que só de lá saiu em julho de 2024, após uma inspeção ter concluído estarem reunidas as condições de segurança.A administração do condomínio do centro comercial pretende criar uma servidão de passagem nas traseiras para permitir o funcionamento da porta de segurança, não tendo, no entanto, chegado a acordo com os proprietários do terreno vizinho na audiência prévia do processo, que decorreu em 15 de janeiro no Tribunal da Relação do Porto.Na sequência do encerramento temporário, o município do Porto apresentou a Escola Pires de Lima como alternativa aos músicos.Em 27 de janeiro, o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto avançou que o concurso de empreitada para a criação de estúdios de música na antiga escola deveria ser lançado durante o segundo semestre deste ano.A Escola Pires de Lima contempla cinco torres e um edifício central, sendo que três torres vão ser utilizadas para espaços de gravação.O espaço central, que será desenvolvido numa segunda fase do projeto, também contará com estúdios de gravação e espaços de armazenamento de material, detalhou.