Câmara de Lisboa pede reavaliação no abate de jacarandás no projeto imobiliário de Entrecampos
A decisão foi comunicada ao início da tarde desta quinta-feira: a Câmara de Lisboa pediu um "novo esforço de reavaliação por parte dos serviços técnicos da autarquia" e do promotor do projeto imobiliário (a Fidelidade) para a zona de Entrecampos, no centro de Lisboa, que vai urbanizar os terrenos da antiga Feira Popular.
Em comunicado, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) anunciou que a intenção é "perceber se existe mais alguma possibilidade exequível" para a zona e que "não tenha sido devidamente equacionada". Em causa está a construção de um parque de estacionamento subterrâneo que levará a mexidas nas árvores da Avenida 5 de Outubro, e que tem gerado muitas críticas.
De acordo com a autarquia, que frisa que o projeto "foi aprovado" em reunião camarária pelo "anterior executivo executivo PS/Bloco de Esquerda", estando definido desde 2018/19, a CML já anunciou também que, "depois de já ter plantado 15 jacarandás na última semana", vai agora transplantar apenas três destas árvores, que estão localizadas numa "zona crucial que obriga a trabalhos urgentes no subsolo para requalificação dos coletores de esgoto e condutas de água, que estão em risco e bastante degradados". O plano inicial previa o abate de 25 destas árvores e o transplante de outras 20 (a que se juntavam dois plátanos).
Agora, diz a CML, dois dos jacarandás "irão para a Praça Andrade Caminha e um para a Rua Marquês da Fonteira". Já os plátanos continuarão a ser transplantados, mas a localização não foi confirmada. "Recordamos ainda o compromisso alcançado com o promotor para a plantação de mais 200 jacarandás na cidade de Lisboa", frisa a CML.
"Tudo o que foi feito na atual liderança" da autarquia, frisa a nota, "foi procurar ao máximo corrigir erros do passado e melhorar o que podia ser melhorado e, em concreto, na Avenida 5 de Outubro, tudo fazer para salvaguardar, ao limite do possível, o eixo arbóreo aí existente".
Na quarta-feira, a CML fez a primeira sessão pública para explicar este projeto, que ficou marcada por alguns momentos de tensão e pelas muitas críticas dos cidadãos em relação ao projeto.
Dizendo que "as cidades precisam de participação", a CML refere que ouviu e prestou "máxima atenção" aos argumentos de quem "se manifestou de forma séria e ordeira contra a solução encontrada". No entanto, garante a autarquia, não existiu a "ingenuidade de ignorar que, em muitos dos casos, resultaram de um previsível e claro aproveitamento político e outras formas de 'ativismos' que viram aqui um 'palco' para ser aproveitado".
"As pessoas devem ser ouvidas e tidas em conta, mas as cidades também precisam de decisão e não de eternos adiamentos", frisa a autarquia liderada por Carlos Moedas.