Obras na avenida 5 de outubro vão obrigar a abater e a mudar alguns jacarandás.
Obras na avenida 5 de outubro vão obrigar a abater e a mudar alguns jacarandás.Foto: Leonardo Negrão

Após polémica, Lisboa vai explicar projeto para a Avenida 5 de Outubro

Construção de parque de estacionamento vai obrigar a abater 25 jacarandás, obrigando outras a mudar de local. Petição para tentar travar este processo já tem mais de 35 mil assinaturas.
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A intenção da Câmara Municipal de Lisboa (CML) é criar, na Avenida 5 de Outubro, mais lugares de estacionamento, construindo um parque subterrâneo integrado na Operação Integrada de Entrecampos, que vai urbanizar os terrenos da antiga Feira Popular.

Há, no entanto, um problema que levou moradores daquela zona a criar uma petição: a construção deste parque implica o abate de 25 jacarandás e o transplante de 20 destas árvores (mais dois plátanos). Simultaneamente, diz a autarquia, serão replantadas 88 árvores (onde se incluem 39 jacarandás). Porém, os peticionários - que já são mais de 35 mil - acusam a autarquia de não ser transparente na “planificação da construção deste parque de estacionamento subterrâneo”, numa zona que dizem estar a ficar transformado “numa ilha de asfalto, cimento, pó, automóveis e barulho”. Neste contexto, “os jacarandás são uma ferramenta fundamental” para garantir que se mantém “a pouca qualidade de vida” que aquele eixo no centro da cidade ainda tem.

Por isso, esta terça-feira, a vereadora Joana Almeida (que tem o pelouro do urbanismo) veio anunciar que a CML vai “clarificar o projeto” previsto para aquela zona. Esse momento - que servirá também como resposta à petição - acontecerá primeiro na sexta-feira (pelas 18h00) e, depois, na próxima quarta-feira, pelas 17h30, no Centro de Informação Urbana de Lisboa.

Projeto para 5 de Outubro prevê uma mudança na arborização da avenida.
Projeto para 5 de Outubro prevê uma mudança na arborização da avenida.

Não obstante a petição e as explicações que o executivo municipal vai dar, o transplante de jacarandás começará na próxima semana, com cinco destas árvores. As restantes deverão ser mudadas nas próximas semanas.

Perante a contestação em relação a esta medida, Joana Almeida garantiu que “o jacarandá é a identidade, o património”. “Neste executivo, salvamos e estamos a salvar jacarandás”, reiterou, antes de recordar que quando o atual executivo entrou em funções, a CML já tinha assinado o contrato “com o programa completo para toda a área”. Ou seja, resumiu: o atual executivo “não podia” mudar o projeto em curso para um terreno com cerca de cinco hectares “abandonado há 30 anos”, sob pena de a cidade ficar “parada durante mais uns bons anos”. E, relembrou, este processo foi aprovado em reunião de câmara, com o PS a votar a favor.

BE questionou projeto

Esta terça-feira, Beatriz Gomes Dias, vereadora do Bloco de Esquerda, questionou o gabinete do presidente da autarquia, Carlos Moedas, sobre este abate, manifestando algumas dúvidas em relação a este processo (como quais as espécies a serem plantadas, que alternativas existem ou os critérios para o abate, entre outros).

Por isso, questiona a vereadora: “Tendo em conta a mobilização cidadã pela defesa dos jacarandás, será revisto o projeto de forma a que não sejam abatidas ou transplantadas as árvores daquele local?”

Este parque de estacionamento - bem como todo o projeto - deverão estar concluídos no segundo semestre de 2027, segundo as estimativas do administrador da Fidelidade Property, gestora deste processo.

Terrenos foram vendidos em 2018

Outrora o lugar onde se realizava a Feira Popular de Lisboa, os terrenos de Entrecampos foram vendidos em hasta pública, numa operação que rendeu mais de 200 milhões de euros à autarquia. A aquisição foi feita pela seguradora Fidelidade, que destinou para o local com uma área de mais de 42 metros quadrados várias utilizações, desde lojas a escritórios ou comércio, além de duas grandes áreas verdes e uma parte destinada a habitação com renda acessível. Será também aqui que vai nascer a futura sede da seguradora. Além dos terrenos da antiga Feira Popular, a Fidelidade adquiriu ainda uma parcela na Avenida Álvaro Pais. A operação rendeu cerca de 274 milhões de euros, mais 85,5 milhões do que esperava inicialmente.

Com Lusa

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