Remoção de jacarandás eleva ânimos na sessão de esclarecimento da Câmara de Lisboa
"A câmara não se envergonha por ter aprovado este projeto?”, questionou uma das mulheres que se inscrevera para fazer perguntas aos três diretores municipais que apresentaram esta quarta-feira o projeto urbanístico da Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, que implica a remoção de 45 jacarandás (25 abatidos e 20 transplantados).
Esta foi apenas uma das várias perguntas que vieram atrás dos ânimos que se elevaram no Fórum Lisboa, impedindo o representante da Fidelidade, Miguel Paiva Couceiro, de terminar a sua apresentação.
A maior crítica incidiu sobre a vertente “estacionamento” do projeto, questionando mesmo o interesse da promotora do projeto - a Fidelidade - por precisar de “vender seguros para automóveis”.
“Quanto mais estacionamento for construído, mais as pessoas vêm de carro”, apontou a mulher que questionou o Executivo Municipal sobre se teria vergonha do projeto.
A diretora do Ambiente na Câmara de Lisboa, Catarina Freitas, garantiu que, por ano, o Município planta 40 jacarandás. Já no que diz respeito à 5 de Outubro em concreto, das 77 árvores que se encontram agora nesta via (75 jacarandás e dois plátanos), este projeto vai garantir que, até ao final deste ano, estejam lá 118 árvores.
Quando Catarina Freitas justificou o abate de 25 jacarandás, por falta de viabilidade destas árvores, o público que assistia à sessão reagiu vaiando, o que levou mesmo a que a apresentação não decorresse como estava prevista, tendo sido antecipada a fase de perguntas e respostas entre cidadãos e Município.
Antes disto, alguns agentes da Polícia Municipal foram chamados a intervir, apenas verbalmente, no sentido de convencer um homem a parar de interromper a apresentação. O homem alegara ter percorrido 500 quilómetros para assistir àquela apresentação, para “falar de jacarandás”. ”Calem-se e ouçam-nos”, apelara, interrompendo a apresentação por parte da Fidelidade.
Os agentes acabaram por não retirar o homem da sala, que, a partir desse momento, ficou em silêncio.
No final da apresentação, duas pessoas desenrolaram uma faixa que dizia: “Cumpram a lei 59/2021 [Regime jurídico de gestão do arvoredo urbano], PDM [Plano Diretor Municipal] e Regulamentos Municipais”.
A promessa da Câmara Municipal, que não foi bem acolhida pelos cidadãos, passa também por aumentar a biodiversidade “com elenco diversificado de arbustos e herbáceos”.
De forma insólita, uma mulher questionou ainda os diretores municipais sobre o que motiva a plantação de jacarandás e não “árvores portuguesas”, como “oliveiras”, o que também motivou algumas críticas.