A Direção da Associação do Comércio Tradicional Bolha de Água (ACTBA), representando mais de 50 por cento dos comerciantes do Bolhão, endereçou um convite a Francisca Carneiro Fernandes, a nova responsável pela gestão do Mercado do Bolhão como vogal da administração da Go Porto, para visitar as bancas históricas e reunir-se depois com os órgãos sociais da associação. A antiga presidente do CCB, recentemente exonerada pela ministra da Cultura, aceitou o convite e, após a visita guiada, reuniu com 12 membros dos órgãos sociais da Associação, abrindo uma porta até agora fechada. “Foi um momento inédito já que a anterior vice-presidente da Go Porto, Cátia Meirinhos, apesar dos vários convites feitos, sempre se recusou ao diálogo, chegando mesmo a recusar, há um ano, os cumprimentos da empossada direção da ACTBA”, disse Helena Ferreira, presidente da associação, ao DN. Durante duas horas e meia as partes “começaram a partir pedra” com vista a encontrar “pontes de consenso” para o futuro do icónico mercado portuense, património cultural e patrimonial da cidade. “Da parte da ACTBA, cada um dos elementos, seja a partir da sua experiência particular, seja através da visão que tem para o mercado, teve oportunidade de expor os seus pontos de vista, sendo unânimes as críticas à gestão”, diz Helena Ferreira. A discussão sobre a dicotomia mercado de frescos versus praça de alimentação, e a permissão do exercício de atividades que, sendo no entendimento da ACTBA ilegais, “debilitam o mercado de frescos e hostilizam o cliente do mercado de frescos”, numa critica às bancas que servem comida à margem dos regulamentos, gerou o momento mais aceso do debate. À necessidade de consensos, defendida pela recém- responsável da Go Porto, os presentes responderam com uma condição inegociável: “O terreiro do mercado pertence apenas e só ao mercado de frescos”. Atualmente em guerra com a edilidade liderada por Rui Moreira, alegando dualidade de critérios, falhas no projeto de execução da modernização do mercado e gestão duvidosa da Go Porto, com queixas na PGR, ASAE e uma participação à Inspeção-Geral de Finanças, a ACTBA deixou uma alternativa pela voz da presidente: “Tendo em conta que as galerias estão praticamente vazias que se criem novos lugares para a instalação de bares gastronómicos que devem ficar cingidos a essa área em termos de capacidade instalada e promover gastronomia e produtos portugueses”. A gestão pública do mercado de frescos e do mercado tradicional foi a segunda exigência, deixando clara a oposição a “qualquer tentativa de privatizar o Bolhão”. “Não é a primeira vez que lutamos para salvar o Mercado. Lutaremos as vezes que forem necessárias e dissemos isso mesmo à responsável da Go Porto. Não prometemos um cessar-fogo", diz Helena Ferreira ao DN. O DN tentou contactar sem sucesso Francisca Carneiro Fernandes.