O Parlamento ucraniano deu esta quarta-feira luz verde à demissão de dois ministros, suspeitos num escândalo de corrupção que está a abalar a Ucrânia, com o presidente Volodymyr Zelensky a ser pressionado a ir mais longe. Opositores querem a saída de todo o Governo e a cabeça do seu chefe de gabinete, o todo poderoso Andriy Yermak.A demissão do atual ministro da Justiça, German Galushchenko, que até julho foi titular da pasta da Energia, e da sucessora, Svitlana Hrynchuk, foi pedida na semana passada. Uma investigação concluiu que estiveram envolvidos numa rede que obteve pelo menos 100 milhões de dólares (86 milhões de euros) em comissões relacionadas com contratos energéticos. Os dois negam as acusações, mas escutas telefónicas comprometem Galushchenko. Cinco pessoas já foram detidas e outras duas estão em fuga, incluindo um antigo amigo e parceiro de negócios de Zelensky, Timur Mindich.O voto no Parlamento estava previsto para terça-feira, mas o bloco da oposição ucraniana liderado pelo ex-presidente Petro Poroshenko impediu que isso acontecesse - bloqueando fisicamente o acesso do speaker ao púlpito. O partido Solidariedade Europeia queria não só a saída dos dois ministros, mas de todo o Executivo, e a formação de um novo Governo de união. Mas onde é que entra Yermak? Aparentemente o poder e desejo de controlo do chefe de gabinete de Zelensky, que alguns apelidam de co-presidente, não passam despercebidos entre os aliados de Kiev na Europa e EUA. “Na Ucrânia, a sua reputação é ainda pior”, escreveu o jornal online Kyiv Independent, com fontes a dizer que esteve por detrás dos ataques contra as instituições anticorrupção. Em julho, a tentativa do Governo de mudar a lei, comprometendo a independência das agências anticorrupção, gerou polémica. Zelensky acabou por recuar.O nome de Yermak não aparece diretamente ligado ao atual escândalo, mas o Kyiv Independent cita fontes judiciais a dizer que também estará envolvido - muitos suspeitam que será o “Ali Baba” referido nas escutas telefónicas. O site Politico lembra que, mesmo que não seja esse o caso, a campanha contra ele (que não se limita à oposição) mostra a frustração em relação ao seu papel.