Trump diz que estão a ser negociados contratos para "dividir" terras na Ucrânia
Trump diz que estão a ser negociados contratos para "dividir" terras na Ucrânia
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse hoje que estão a ser negociados "contratos" para "dividir" terras na Ucrânia como parte de um acordo final para acabar com a guerra.
Em declarações aos jornalistas na Sala Oval da Casa Branca, o Presidente reiterou ainda que é possível alcançar um cessar-fogo num futuro próximo.
"Penso que em breve teremos um cessar-fogo total e depois teremos um contrato. O contrato está a ser negociado neste momento. O contrato em termos de divisão da terra, etc., etc., está a ser negociado neste preciso momento", acrescentou.
Ucrânia espera no mínimo acordo de trégua parcial em negociações de segunda-feira
Um responsável ucraniano afirmou hoje que Kiev espera, pelo menos, um acordo de trégua parcial com Moscovo no setor energético, nas infraestruturas e no mar Negro, nas negociações de segunda-feira na Arábia Saudita, mediadas pelos Estados Unidos.
"Ainda queremos chegar a acordo sobre um cessar-fogo, pelo menos sobre (...) a energia, as infraestruturas e o mar", declarou este responsável, citado pela agência de notícias francesa, AFP, a coberto do anonimato.
A delegação ucraniana será chefiada pelo ministro da Defesa, Rustam Umerov, acrescentou.
Os negociadores norte-americanos vão manter na segunda-feira, na Arábia Saudita, conversações alternadas sobre a trégua com delegações da Ucrânia e da Rússia, que invadiu o país vizinho há três anos.
O nível dos enviados anunciados por Moscovo para esta reunião é inferior ao dos enviados pela Ucrânia.
Um deles é Serguei Besseda, um membro do FSB (serviços secretos russos) que está sob sanções ocidentais desde 2014 e que parece ter caído em desgraça por algum tempo em 2022, no início da invasão, por, segundo a imprensa, ter avaliado mal o clima político na Ucrânia e não ter previsto a dimensão da resistência de Kiev.
O outro delegado russo é um senador, Grigori Karassin, um ex-diplomata de carreira e antigo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, descreveu estes dois delegados como "os negociadores mais experientes" e garantiu que foram escolhidos pelo Presidente russo, Vladimir Putin.
Mas não indicou por que é que a delegação não é chefiada por responsáveis da presidência, do Ministério da Defesa ou do corpo diplomático.
O alto responsável ucraniano disse ainda à AFP que Kiev também está disposta a discutir um cessar-fogo geral, como exigem os Estados Unidos, mas tal opção foi rejeitada pelo Kremlin, que diz querer apenas uma moratória de 30 dias sobre os ataques a infraestruturas energéticas.
"Penso que os norte-americanos vão tentar obter um cessar-fogo global e nós estamos prontos para isso", garantiu este responsável.
"São os russos quem está a dizer 'não' há mais de uma semana, e ainda não sabemos se vão dizer 'sim' sem serem pressionados", acrescentou.
A nova ronda de negociações deverá, assim, centrar-se nos aspetos "técnicos" de uma eventual trégua parcial: "que locais" farão parte dela, "como controlar este cessar-fogo, que armas estarão envolvidas", enumerou o responsável ucraniano.
Sobre a possibilidade de uma trégua marítima, "há divergências" sobre os tipos de navios e as zonas do mar Negro a incluir, explicou.
"Precisamos de chegar a acordo sobre o essencial: quais os locais e como controlar" a trégua, resumiu o responsável ucraniano.
A Ucrânia já anteriormente tinha indicado que os Estados Unidos deveriam assegurar a monitorização do cumprimento do cessar-fogo.
"Os norte-americanos têm uma enorme capacidade de obtenção de informações, por isso veem muitas coisas", sublinhou hoje o alto responsável ucraniano.
Escusou-se, no entanto, a especular sobre uma possível data para o início desta trégua parcial.
"Não é claro. Até agora, não houve medidas recíprocas por parte dos russos", afirmou.
Zelensky e os ataques russos durante a noite. "Só sanções mais duras abrem caminho para o fim do terror"
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu esta sexta-feira aos seus aliados, incluindo aos Estados Unidos, que pressionem Moscovo com mais sanções, depois de um ataque aéreo russo com "mais de 200 drones" e bombas guiadas ter sido registado esta madrugada.
"É a pressão conjunta sobre a Rússia, acompanhada de sanções mais duras e de um maior apoio à defesa do nosso país, que abrirá caminho para o fim deste tipo de terror e para o fim do prolongamento da guerra pela Rússia", afirmou Volodymyr Zelensky nas redes sociais.
"Esperamos uma pressão real sobre a Rússia por parte dos Estados Unidos, da Europa e de todos os nossos parceiros. É isso que permitirá que a diplomacia funcione", sublinhou.
Segundo o presidente ucraniano, os ataques deixaram várias pessoas feridas e causaram danos em zonas residenciais nas regiões de Odessa (sul) e Zaporijia (sudeste).
"Na sequência dos ataques dos ocupantes contra a região de Odessa, ocorreram vários incêndios num centro comercial e em várias lojas, e um edifício residencial foi danificado", disse, acrescentando que três crianças ficaram feridas naquela zona da Ucrânia.
Zelensky informou ainda que seis pessoas ficaram feridas na região de Zaporijia devido ao lançamento de bombas aéreas russas, que danificaram várias casas e veículos.
A Rússia e a Ucrânia continuam a trocar ataques apesar de estarem a ser ultimados os pormenores necessários para uma trégua parcial de 30 dias, que deverá pôr fim aos ataques às infraestruturas energéticas.
Ambos os lados manifestaram a sua disponibilidade para declarar este cessar-fogo parcial.
Os países da coligação internacional para segurança da Ucrânia deverão reunir-se no dia 27, a pedido do presidente francês, Emmanuel Macron, para debater o envio de forças para o terreno após o cessar-fogo.
"Depois da reunião da semana passada em Paris dos chefes de Estado e de Governo, depois da reunião de ontem [quarta-feira] e de hoje dos chefes operacionais em Londres, na próxima quinta-feira [27 de março] teremos uma cimeira da coligação de prontidão em Paris com a presença de Zelensky", anunciou Macron na quinta-feira.
O Governo britânico afirmou esta semana estimar que 30 países deverão participar na força de manutenção de paz na Ucrânia que Paris e Londres estão a tentar formar na expectativa de um cessar-fogo.
O objetivo da força de manutenção de paz é dissuadir a Rússia de violar um eventual cessar-fogo caso Moscovo aceite a proposta dos Estados Unidos com a qual Kiev já concordou.
A próxima reunião entre os EUA e a Ucrânia vai acontecer na segunda-feira, na Arábia Saudita, de acordo com declarações de Zelensky em Oslo, durante uma conferência de imprensa com o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store.
"Segundo sei, haverá primeiro uma reunião entre a Ucrânia e os Estados Unidos e depois, no quadro da diplomacia atual, entre os Estados Unidos e a Rússia", avançou, citado pela agência espanhola Europa Press.
Rússia e Estados Unidos divergiram anteriormente no anúncio de uma trégua de 30 dias, com Washington a referir que abrangia o setor da energia e outras infraestruturas, enquanto Moscovo dizia que incluía apenas infraestruturas de energia.
A Rússia confirmou, entretanto, que na segunda-feira começará em Riade uma nova ronda de conversações com os Estados Unidos.
Moscovo e Kiev trocam acusações sobre desrespeito de trégua energética
A Rússia garantiu entretanto que continua a respeitar a moratória sobre a exclusão de alvos energéticos na guerra com a Ucrânia, numa altura em que Moscovo e Kiev trocam acusações sobre a violação desse compromisso.
"A ordem do comandante-chefe [Vladimir Putin] está em vigor e as forças armadas russas estão a abster-se de atacar instalações de energia", afirmou o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência francesa AFP.
A declaração surge depois de Moscovo ter acusado as forças ucranianas de terem feito explodir na quinta-feira a estação de bombagem de gás da cidade de Sudzha, na região russa de Kursk.
Os correspondentes militares das televisões russas denunciaram que, com esta ação, a Ucrânia estava a violar a trégua energética proposta pelos Estados Unidos e anunciada pela Rússia, mas ainda não totalmente aceite pela Ucrânia.
Isto "prova de forma conclusiva até que ponto é possível acreditar na palavra de [Volodymyr] Zelensky e dos membros da sua equipa", comentou Peskov referindo-se ao Presidente da Ucrânia, citado pela agência espanhola EFE.
O Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia descreveu as acusações de Moscovo como infundadas e denunciou que foi o exército russo que atacou a estação de bombagem de gás de Sudzha com a sua artilharia.
"Os russos continuam a produzir uma série de notícias falsas e a tentar enganar a comunidade internacional. Pedimos que confiem apenas em fontes oficiais, confirmem as informações e não se deixem manipular", disse o comando ucraniano.
Embora a chamada trégua energética tenha sido discutida na quarta-feira por telefone entre Zelensky e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a adoção pela Ucrânia está pendente de "reuniões técnicas" entre as partes.
Representantes ucranianos e norte-americanos vão reunir-se na segunda-feira na capital da Arábia Saudita, Riade, para discutir a questão.
O encontro será segundo de uma reunião entre delegações da Rússia e dos Estados Unidos no mesmo dia, também em Riade.
Zelensky disse na quinta-feira que Kiev estava a preparar uma lista de infraestruturas civis a incluir na trégua, que lhe foi pedida por Trump para evitar discrepâncias.
A Rússia e os Estados Unidos divergiram anteriormente no anúncio da trégua, com Washington a referir que abrangia o setor da energia e outras infraestruturas civis, e Moscovo a dizer que incluía apenas infraestruturas de energia.
As autoridades de Kiev também denunciaram hoje o bombardeamento da cidade portuária ucraniana de Odessa na quinta-feira à noite, num ataque com 'drones' que provocou três feridos e incêndios de grandes proporções.
O ataque ocorreu pouco antes da visita do Presidente da República Checa, Peter Pavel, a Odessa, onde se reuniu hoje de manhã com dirigentes da cidade e de outras regiões do sul, segundo a agência norte-americana AP.
"Esta é mais uma chamada de atenção para o mundo inteiro: a guerra continua e a Ucrânia continua a lutar", afirmou o chefe da região de Odessa, Oleh Kiper, num comunicado.