Zelensky acusa a Rússia de usar a "fome como arma" e critica "indecisão" europeia sobre sanções à Rússia
Presidente ucraniano reiterou que ainda necessita "de convencer a Europa de que o petróleo russo não pode alimentar a máquina militar russa com novas fontes de financiamento".
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, condenou esta quarta-feira a hesitação na Europa em proibir as importações de energia russa, argumentando que alguns líderes estavam mais preocupados com perdas de negócios do que com crimes de guerra.
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De acordo com o governante, num discurso ao parlamento irlandês, surgiu uma nova "retórica" sobre as sanções, mas diz que não pode "tolerar nenhuma indecisão" depois de tudo o que o povo ucraniano passou e tudo o que a Rússia lhe fez.
"Ainda precisamos de convencer a Europa de que o petróleo russo não pode alimentar a máquina militar russa com novas fontes de financiamento", acrescentou Zelensky, que pediu também a exclusão total dos bancos russos das finanças ocidentais.
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"A única coisa que nos falta é a abordagem baseada em princípios de alguns líderes - líderes políticos, líderes empresariais - que ainda pensam que a guerra e os crimes de guerra não são tão horríveis quanto as perdas financeiras", afirmou, através de um intérprete.
A União Europeia está a preparar-se para implementar um quinto pacote de sanções à Rússia, proibindo as importações de carvão russo, enquanto os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO e do G7 estão reunidos em Bruxelas para adotarem novas medidas de ação coordenada.
Alguns países da UE, principalmente a Alemanha, têm-se mostrado relutantes em atingir todas as exportações russas de energia devido aos danos que isso causaria às suas próprias economias.
No entanto, a pressão tem vindo a aumentar após relatos de mortes em massa de civis em Bucha e outros lugares na Ucrânia anteriormente ocupados por tropas russas.
A UE deverá impor sanções que visam o petróleo e gás russos "mais cedo ou mais tarde", disse aos eurodeputados em Estrasburgo o líder do Conselho Europeu, Charles Michel.
Este discurso de Zelensky ao parlamento irlandês foi o mais recente a legisladores estrangeiros a pedir apoio económico, militar e diplomático para combater a Rússia.
O presidente ucraniano denunciou os incessantes ataques russos a infraestruturas civis na Ucrânia, inclusivamente à cidade de Mariupol, onde nem a neve derretida está disponível para as pessoas usarem como água potável.
Zelensky acusa a Rússia de usar a "fome como arma" contra os ucranianos e lembrou que países do norte da África e da Ásia dependem das importações de cereais da Ucrânia. "O país que faz isso não merece estar no círculo dos países civilizados", afirmou, alertando que a Rússia ainda está a tentar "subjugar o povo ucraniano".