O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, falou esta quinta-feira (24 de julho) ao telefone com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e com o chanceler alemão, Friedrich Merz, depois de uma proposta de lei para garantir a independência dos organismos anticorrupção da Ucrânia ter gerado protestos nas ruas (os maiores desta a invasão da Rússia) e preocupação em Bruxelas que avisava para um retrocesso no processo de adesão à União Europeia. Zelensky apresentou esta quinta-feira (24 de julho) uma nova proposta de lei, esperando pôr um travão à contestação. “Acabei de aprovar o texto de um projeto de lei que garante o reforço real do sistema de aplicação da lei da Ucrânia, a independência das agências anticorrupção e a proteção fiável do sistema de aplicação da lei contra qualquer influência ou interferência russa. O texto é equilibrado”, anunciou Zelensky no X, dizendo que o novo projeto seria submetido ainda ontem ao Parlamento. “É importante mantermos a unidade. É importante preservarmos a independência. É importante respeitarmos a posição de todos os ucranianos e estarmos gratos a todos os que apoiam a Ucrânia”, acrescentou o presidente, que nas duas noites anteriores tinha enfrentado protestos. A anterior lei dava um maior controlo do Gabinete Nacional Anticorrupção Ucraniano (NABU) e do Gabinete Especializado Anticorrupção (SAPO) ao procurador-geral, que é nomeado pelo presidente, o que punha em causa a independência desses organismos. A proposta surgiu depois de dois oficiais anticorrupção terem sido detidos por suspeita de ligações à Rússia. No relato do telefonema com Starmer, que aconteceu antes de haver nova proposta, Zelensky disse que o primeiro-ministro britânico “sugeriu o envolvimento de especialistas que pudessem contribuir para uma cooperação a longo prazo” e que ambos concordaram em “manter contacto sobre este assunto”. No geral, indicou “concordamos com a necessidade de defender os valores de uma vida normal, combater qualquer influência ou interferência russa e fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para fortalecer a nossa Europa.”Já o telefonema com Merz foi depois de haver a nova proposta, tendo Zelensky informado o chanceler que esta “garante a independência e a eficácia das instituições anti-corrupção”. O presidente disse ainda que “todos concordamos que não deve haver interferência ou influência da Rússia no funcionamento da nossa infraestrutura anti-corrupção” e que convidou a Alemanha “a participar na revisão especializada do projeto de lei”, tendo o chanceler garantido que estaria “pronto para ajudar”. A Comissão Europeia tinha exigido explicações a Zelensky em relação à anterior proposta, lembrando que a reforma democrática e a independência das instituições anticorrupção, assim como o seu reforço, estão incluídos no processo de adesão. E que sem a “luz verde” da Comissão, o processo podia ficar parado. .Zelensky garante ter dado ouvidos à primeira manifestação contra si desde a invasão russa