Zelensky acusa Fico de dar ajuda “imoral” a Putin
Volodymyr Zelensky acusou o primeiro-ministro eslovaco de ajudar Vladimir Putin a enfraquecer a Europa na sequência da visita de Robert Fico a Moscovo.
Robert Fico encontrou-se no domingo com Vladimir Putin no Kremlin para discutir a possibilidade de continuar a receber gás russo. O presidente ucraniano excluiu a possibilidade de prolongar o acordo com a empresa russa Gazprom, iniciado há cinco anos e que expira no dia 31, e que até agora permitia exportar gás natural através da rede de gasodutos para a Eslováquia, Hungria, Áustria e Itália. No final da reunião, Fico afirmou que Putin confirmou a vontade da Rússia de continuar a fornecer gás à Eslováquia, apesar de tal ser “praticamente impossível”.
Segundo Bratislava, a perda do fornecimento russo não vai afetar a segurança energética do país, mas aumentará os seus custos. O principal comprador de gás da Eslováquia, a SPP, informou que a perda do fornecimento de gás a Leste implicaria um custo adicional de 150 milhões de euros.
“Se há alguém que vai impedir o trânsito de gás para o território da Eslováquia, se há alguém que vai provocar um aumento dos preços do gás no território da Europa, se há alguém que vai causar enormes prejuízos económicos à União Europeia, esse alguém é o presidente Zelensky”, disse Fico no final do último Conselho Europeu, em Bruxelas. “A Ucrânia não será convidada para a NATO. Vai perder um terço do seu território. Haverá forças militares estrangeiras no país”, disse.
O populista, recuperado de um atentado à sua vida ocorrido em maio, denunciou que o presidente ucraniano lhe ofereceu 500 milhões de dólares de bens russos congelados pelas sanções em troca do seu apoio à adesão à NATO.
Em resposta ao encontro, Zelensky disse que Fico “não quer participar no trabalho comum europeu sobre independência energética, nem procurar substituir o gás russo, mas sim ajudar a Rússia a afastar da Europa o gás americano e os recursos energéticos de outros parceiros, o que implica que quer ajudar Putin a ganhar dinheiro para financiar a guerra e enfraquecer a Europa”. Além de afirmar que esta é “uma grande questão de segurança” para a Eslováquia e para a Europa, o líder ucraniano classificou a relação com Putin de “imoral”.
O presidente ucraniano também comentou a notícia oriunda da Coreia do Sul de que o Norte vai enviar mais tropas e equipamento militar para o Exército russo e de que se prepara para fabricar “drones suicidas” entre as 200 fábricas que produzem munições e armamento. Seul disse estimar as baixas norte-coreanas em 1100. No entanto, segundo Kiev, o número de mortos e feridos na região de Kursk já ultrapassou os 3000.
Na Eslováquia, a visita de Fico também caiu mal. “Discutir o que quer que seja com Putin, cujas mãos estão cobertas de sangue, é uma traição não só ao nosso país e à sua orientação de política externa, mas também aos nossos parceiros da UE e da NATO”, disse Branislav Grohling, líder do partido Liberdade e Solidariedade (SaS). Já o líder do partido Eslováquia Progressista (PS), Michal Simecka, acusou Fico de “transformar a Eslováquia num instrumento de propaganda de Putin”.
Na vizinha Chéquia, o ministro dos Negócios Estrangeiros Jan Lipavsky não poupou Fico. "Foi o Governo checo que assegurou a independência do abastecimento energético russo para que não tivéssemos de nos rebaixar perante um assassino em massa."
E na Lituânia foi o presidente Gitanas Nauseda quem denunciou a visita. “Quão vulgar é o vosso amor? Há pessoas que vão à Rússia com amor e sentem-se gaseadas por se encontrarem com um criminoso de guerra”, escreveu no X.