Xi diz a Biden que China está pronta para trabalhar com Trump. Mas pede para não ultrapassarem a "linha vermelha" com Taiwan
O presidente chinês, Xi Jinping, disse este sábado ao homólogo norte-americano, Joe Biden, que "a China está pronta para trabalhar com um novo Governo" dos EUA, quando o presidente eleito, Donald Trump, assumir o cargo, em janeiro próximo.
Os dois líderes reuniram-se hoje à margem da cimeira anual da Cooperação Económica Ásia-Pacífico, em Lima, no Peru, e esperava-se que Biden exortasse Xi a dissuadir a Coreia do Norte de aumentar o seu apoio à Rússia na guerra contra a Ucrânia, em curso desde fevereiro de 2022.
Biden declarou-se orgulhoso do trabalho que os dois países realizaram desde a sua última reunião, que decorreu no ano passado, à margem da conferência realizada em São Francisco.
"Nos últimos quatro anos, as relações entre a China e os Estados Unidos sofreram altos e baixos, mas com nós os dois ao leme, também nos envolvemos em diálogos e cooperação frutuosos e, em geral, alcançámos estabilidade", sustentou Biden.
É a última vez que os dois líderes se encontram, com Biden como chefe de Estado, uma vez que este está prestes a deixar o cargo para a dar lugar a Trump, a 20 de janeiro de 2025.
Há muita incerteza sobre o que está por vir na relação EUA-China sob a Presidência de Trump, que fez campanha prometendo cobrar 60% de tarifas aduaneiras sobre as importações chinesas.
Xi pede aos EUA que não ultrapassem "linha vermelha" em relação a Taiwan
Outro dos temas abordados foi a questão de Taiwan. O presidente chinês pediu aos Estados Unidos para não ultrapassarem a "linha vermelha" no apoio a Taiwan.
A "questão de Taiwan, a democracia e os direitos humanos", bem como o sistema político e económico e os interesses de desenvolvimento da China "são as quatro linhas vermelhas da China que não devem ser postas em causa", afirmou Xi Jinping, citado pela emissora estatal chinesa CCTV.
"Estas são as garantias mais importantes e a rede de segurança para as relações entre a China e os EUA", acrescentou Xi, de acordo com a CCTV.
O dirigente chinês condenou ainda as "ações separatistas" dos líderes de Taiwan, afirmando que são "incompatíveis com a paz e a segurança" na região.
Pequim reivindica Taiwan como parte do território chinês e, nos últimos anos, intensificou a pressão, com incursões aéreas e manobras militares em torno da ilha.
Os Estados Unidos são o principal aliado em matéria de segurança de Taiwan, apesar de não reconhecerem diplomaticamente a ilha.
Durante o encontro com Joe Biden, Xi Jinping disse também que Washington "não deve intervir em disputas bilaterais (...) e não deve tolerar ou apoiar ações provocatórias" no mar do Sul da China, informou ainda a CCTV.
Pequim reivindica a soberania sobre quase todos os recifes e ilhotas desabitadas no mar do Sul da China por razões históricas, ignorando uma decisão do tribunal internacional de 2016 que considera que estas reivindicações não têm base legal.
Filipinas, Vietname, Malásia, Brunei e Indonésia têm reivindicações rivais sobre esta zona marítima de grande importância comercial e estratégica.
A situação agravou-se nos últimos meses. Vários episódios de violência opuseram navios chineses a navios vietnamitas e filipinos naquelas águas.