Von der Leyen e Kamala Harris apelam à igualdade de género

Von der Leyen promete continuar a lutar por igualdade de género na União Europeia. Kamala Harris recorda primeira mulher a presidir UE
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A presidente da Comissão Europeia prometeu esta segunda-feira continuar a trabalhar para "que a Europa se torne finalmente um continente de oportunidades iguais para homens e mulheres", afirmando-se "orgulhosa" das propostas legislativas apresentadas na semana passada.

Discursando no Parlamento Europeu, numa cerimónia consagrada ao Dia Internacional da Mulher que abriu a sessão plenária que decorre em Bruxelas, Ursula von der Leyen disse ter noção de que a Europa ainda não garante condições equitativas para as mulheres, razão pela qual é necessário continuar a trabalhar nesse sentido.

"Sei por experiência própria que as mulheres têm de trabalhar o dobro para ter o mesmo salário, o mesmo reconhecimento ou a mesma posição de liderança que os seus colegas masculinos. Conheço os obstáculo e preconceitos", apontou Von der Leyen, a primeira mulher a presidir à Comissão Europeia.

A presidente do executivo comunitário declarou que, "por isso", está particularmente "orgulhosa por a Comissão Europeia ter apresentado na semana passada duas propostas para lidar com duas das maiores injustiças que as mulheres ainda enfrentam: a disparidade salarial e a disparidade de emprego em função do género.

Von der Leyen lembrou que atualmente "as mulheres na Europa recebem, em média, menos 14% que os homens" e a taxa de emprego entre as mulheres é de 67%, enquanto a dos homens ascende a 78%. "Isto pura e simplesmente não é aceitável", comentou, justificando assim as propostas legislativas colocadas agora sobre a mesa pelo seu executivo, para contrariar estas duas desigualdades.

"A igualdade está consagrada no Tratado europeu desde 1957. É um longo caminho e vamos continuar a percorrê-lo. Temos de remover os obstáculos no caminho rumo à igualdade. Temos de lutar por oportunidades iguais. Não é uma ciência complicada: as ferramentas são bem conhecidas e com provas dadas. Temos simplesmente de as implementar", concluiu.

A vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, lembrou esta segunda-feira a primeira mulher presidente do Parlamento Europeu, Simone Veil, numa cerimónia virtual para comemoração do Dia Internacional da Mulher, vincando que também pode haver "mulheres na liderança política".

"As mulheres são cientistas, médicas e militares que defendem as nossas nações. São empreendedoras que criam postos de trabalho e educadoras que ensinam as gerações vindouras. [...] E as mulheres também são líderes na política", vincou Kamala Harris, numa declaração transmitida em vídeo na comemoração realizada no âmbito da sessão plenária que arranca esta segunda-feira, em Bruxelas.

Dirigindo-se à assembleia europeia, precisou: "Desde a primeira mulher eleita presidente do Parlamento Europeu, Simone Veil, a todas as mulheres que se sentam convosco hoje".

Apesar de vincar que, "enquanto metade da população mundial, as mulheres dão um grande contributo ao crescimento económico e à sociedade", Kamala Harris lamentou que estas não têm sido "tratadas como deviam".

"A pandemia de covid-19 ameaçou a segurança sanitária, económica e física das mulheres em todo o mundo. [...] As medidas de confinamento levaram a que as mulheres tivessem um enorme fardo em casa e o isolamento também aumentou o risco de violência de género e interferiu com a proteção de vítimas de violência doméstica", disse a responsável.

E questionou: "Como é que construímos um mundo que funcione para as mulheres?".

Respondendo à sua questão, aquela que é a primeira mulher negra a ser eleita vice-Presidente dos Estados Unidos afirmou ser "preciso garantir a segurança das mulheres em suas casa e nas suas comunidades".

Além disso, "temos de tratar as mulheres com dignidade no trabalho [...] e temos de lhes dar voz na tomada de decisões e para isso é necessário haver democracias livres e justas", adiantou Kamala Harris.

A responsável norte-americana disse ainda à assembleia europeia estar, juntamente com o Presidente Joe Biden, "ansiosa para trabalhar com os membros do Parlamento para fortalecer a aliança transatlântica".

No âmbito sessão plenária do Parlamento Europeu, que hoje arranca e decorre até quinta-feira, realizou-se então hoje esta cerimónia em honra das mulheres, nomeadamente as que trabalham na linha da frente e de todas as pessoas mais afetadas pela pandemia de covid-19.

Também intervindo na ocasião com uma mensagem de vídeo, a primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, destacou que 55% do seu Governo é composto por mulheres e tem, desde logo, "a primeira vez uma mulher indígena como ministra dos Negócios Estrangeiros".

Ainda assim, "temos muito trabalho ainda a fazer", apontou Jacinda Ardern, salientando que, "não importa quantas mulheres existem na liderança política enquanto estas ainda estiverem sub-representadas nas forças de trabalho e enquanto dominarem as estatísticas de violência doméstica".

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