Pelo menos 16 membros das forças de segurança síria foram mortos esta segunda-feira em Sueida, para onde tinham sido destacados em resposta à violência sectária entre milícias da maioria drusa desta cidade e combatentes tribais beduínos. Após meses de tensão na província, a violência rebentou no domingo no centro urbano na sequência de uma onda de raptos - incluindo a de um comerciante druso, na sexta-feira. “O Ministério do Interior manifesta profunda preocupação e tristeza pelos acontecimentos sangrentos” em Sueida, falando de um “balanço inicial” de mais de 30 mortos e 100 feridos. Mas, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, esta segunda-feira já havia mais de uma centena de mortos. A violência teve início no bairro de Maqwas “num contexto de tensões acumuladas durante períodos anteriores”, segundo o ministério. O bairro é habitado pelas tribos beduínas e terá sido cercado por grupos armados drusos. Os beduínos terão também atacado aldeias drusas nos arredores . O ministério indicou, num comunicado no Telegram, que a violência representa “uma ameaça direta à paz civil” e “contradiz a lei e os valores da coexistência e da unidade nacional que constituem a base do Estado sírio”. Em colaboração com o Ministério da Defesa, o do Interior disse ter destacado forças para “resolver o conflito, parar os confrontos, impor a segurança, perseguir os responsáveis pelos acontecimentos e encaminhá-los para o poder judicial” e “consolidar o Estado de Direito”. Mas foram recebidas com violência também. Num comunicado enviado à Reuters, o Ministério da Defesa sírio disse que as suas unidades foram atacadas durante a madrugada por “grupos ilegais” - sem os identificar. O ministério afirmou ainda que as suas forças responderam ao ataque e perseguiram os grupos que se recusaram a interromper as hostilidades e continuaram a atacar as forças de segurança. Este é mais um episódio de violência sectária na Síria, um país profundamente dividido após 14 anos de guerra civil que culminou na queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro. Os responsáveis foram rebeldes sunitas liderados por Ahmed al-Sharaa (que chegou a ser da Al-Qaeda), que entretanto assumiu o cargo de presidente da Síria. Em março, houve um massacre de centenas de civis alauitas (minoria à qual pertencia Assad) em retaliação por um ataque das forças leais ao antigo regime. E, em abril, houve confrontos entre combatentes sunitas e grupos drusos no sudeste de Damasco. O novo governo prometeu incluir as minorias, mas só tem um ministro druso (o da Agricultura). Os drusos estão divididos entre os que apoiam o diálogo com Sharaa e os que defendam uma postura de maior confronto.