Viagem de estudantes cipriotas à Turquia acaba em tragédia

Hotel onde a comitiva estava alojada ficou completamente destruído. 33 pessoas numa comitiva de 39 estão ainda debaixo dos escombros.

Duas dúzias de crianças do norte de Chipre e alguns dos seus pais estavam numa viagem escolar para participar num torneio de voleibol na Turquia quando o forte terramoto atingiu o hotel onde estavam alojados. A única coisa que resta dele agora é o mastro de bandeira.

Localizado na avenida principal de Adiyaman, no devastado sudeste da Turquia, o hotel foi completamente destruído. Dezenas de outros edifícios em ambos os lados da longa estrada tiveram o mesmo destino.

O número de mortos no sismo que atingiu a Turquia e partes da Síria na segunda-feira ultrapassa já os 17.000 e aumenta aos milhares todos os dias, deixando os dois países em estado de choque, luto e profundo trauma nacional.

Mas a pura agonia causada pelo desastre é difícil de entender sem olhar para os rostos das equipas de resgate que gritam pelos nomes das crianças cipriotas nas ruínas do hotel Adiyaman, à espera que, contra todas as expectativas, alguém responda.

"Nunca vi uma coisa destas, tamanha a destruição", disse Ilhami Bilgen, cujo irmão Hasan estava na equipa de voleibol.

Bilgen olhou para o amontoado assustador de tijolos pesados debaixo dos quais estava o irmão mas ainda assim recusou-se a acreditar que Hasan esteja morto: "Há um buraco ali. As crianças poderão ter rastejado para dentro dele. Ainda não perdemos a esperança."

Os 24 alunos, com idades entre 11 e 14 anos, estavam hospedados no hotel juntamente com 10 pais, quatro professores e um treinador, disseram as autoridades à AFP.

Nazim Cavusoglu, ministro da educação da República Turca do Chipre do Norte, disse que um professor e três pais foram resgatados quando o terramoto começou. Já os corpos de dois professores foram retirados dos escombros na quarta-feira.

"33 pessoas ainda estão presas", disse o ministro à AFP. "Os alunos estavam numa excursão para participar num torneio de voleibol escolar", frisou.

Atletas da República Turca do Chipre do Norte, uma região separatista da ilha mediterrânea reconhecida apenas por Ancara, estão excluídos de torneios internacionais.

O governo da região declarou uma mobilização nacional, contratando um avião particular para se juntar ao esforço de buscas e resgate das crianças. Uma delegação de 200 membros passou a noite de volta de uma fogueira do lado de fora do hotel para se aquecer perante o frio que se faz sentir.

"Estamos aqui desde segunda-feira, com as famílias. Estamos aqui com os nossos voluntários. Vamos esperar até que este entulho seja removido, até tirarmos as nossas crianças daqui", disse o ministro da Educação.

"Vi malas cheias de presentes - delícias turcas - espalhadas pelos escombros", disse outra autoridade do Ministério da Saúde do Chipre do Norte, que se recusou a identificar-se.

"Não esperamos encontrar mais sobreviventes, mas também não conseguimos encontrar os corpos", lamentou.

Debaixo dos escombros, na zona do estacionamento, é possível ver os restos do autocarro de turismo que transportava as crianças.

O presidente da República do Chipre reconhecida internacionalmente, Nicos Anastasiades, cujas relações com o Chipre do Norte são extremamente tensas, enviou uma mensagem de apoio.

"Reiteramos a nossa disposição de contribuir e oferecer a nossa assistência aos esforços humanitários, de resgate e recuperação que estão a acontecer atualmente", escreveu Anastasiades no Twitter.

"Os nossos corações e pensamentos estão com as famílias e amigos dos estudantes desaparecidos", disse a missão das Nações Unidas no Chipre.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG