Uma viagem pela história da Capela Sistina, o local onde será eleito o próximo Papa
Após a morte do Papa Francisco, será na Capela Sistina, um dos edifícios mais famosos do mundo, que os cardeais da Igreja Católica Romana se vão reunir durante as próximas semanas para eleger um novo Papa.
Em teoria, qualquer homem batizado é elegível para Papa, mas nos últimos 700 anos a escolha recaiu sempre sobre um dos membros do Colégio de Cardeais, neste momento constituído por 252 cardeais, dos quais 136 são eleitores e 116 são não-eleitores (todos os que têm mais de 80 anos).
Fechados na Capela Sistina, os cardeais irão votar no seu candidato preferido, escrevendo o nome deste num papel que colocam num cálice situado em cima do altar. Os que são vistos como tendo melhores hipóteses serão denominados os papabile.
Se nenhum candidato chegar aos dois terços dos votos, seguir-se-á uma nova votação. Poderá haver até quatro votações por dia, podendo ser um processo muito demorado. Segundo o Politico, um Conclave no século XIII terá demorado três anos e outro no século XVIII quatro meses. Contados os votos, os papéis serão queimados e o fumo preto sairá pela chaminé da Capela Sistina, informando o mundo que ainda não há novo Papa.
Quando os cardeais conseguirem chegar a uma maioria de dois terços, o fumo branco saído da chaminé da Capela Sistina dará a notícia ao mundo e aos milhares de fiéis reunidos por essa altura da Praça de São Pedro de que há um novo Papa. Será então anunciado à varanda da Basílica de São Pedro "Habemus papam". E o novo Papa, já com nome escolhido, surgirá à varanda para o seu primeiro discurso como líder dos mais de 1300 milhões de católicos no mundo.
Esse momento será mais um dos pontos altos de uma história com mais de meio milénio, uma vez que o edifício foi construído entre 1473 e 1481 e batizada em homenagem ao Papa Sisto IV.
Com 40 metros de comprimentos, 13 de largura e 21 de altura, é iluminada de ambos os lados por janelas altas e teve os frescos do teto pintados entre 1508 e 1512 por Miguel Ângelo, contratado para o efeito por Júlio II.
Esses frescos mostram cenas do Antigo e do Novo Testamento da Bíblia, sendo a mais famosa "A Criação de Adão", na qual Deus estende o dedo para tocar na mão estendida do primeiro homem.
Mais de 20 anos depois, Miguel Ângelo foi contratado para pintar "Juízo Final" na parede atrás do altar, que foi inaugurado em 1541, tendo o artista sido acusado de imoralidade e obscenidade por retratar figuras nuas numa igreja.
Já as paredes laterais foram decoradas por artistas como Pietro Perugino, Sandro Botticelli e Domenico Ghirlandaio.
O escritor alemão Goethe comentou um dia: "Sem ter visto a Capela Sistina, não se pode formar uma ideia apreciável do que um homem é capaz de realizar."
O edifício foi restaurado entre 1980 e 1994, num dos projetos de restauro de arte mais ambiciosos do mundo, que envolveu a remoção de séculos de sujidade e fuligem acumuladas que tinham escurecido os frescos. A restauração não ficou isenta de críticas, com alguns especialistas e leigos a criticar o excesso de brilho das cores.
No que concerne a momentos históricos, a Capela Sistina foi utilizada pela primeira vez para um conclave após a morte de Sisto IV em 1484, mas vários conclaves também se realizaram noutros locais, como no Palácio do Quirinal, um antigo palácio de verão dos papas e agora residência oficial do presidente italiano.
Segundo dados do site Statista.com, cerca de 6,8 milhões de pessoas visitaram em 2023 o Museu do Vaticano, que inclui a Capela Sistina, o que fez desse o segundo museu mais visitado do mundo, a seguir ao Louvre.