Vários milhares de pessoas manifestam-se este sábado junto à fonte da praça Cibeles, em Madrid, para protestar contra a investidura do governo de Pedro Sánchez. Também as amnistias concedidas aos independentistas da Catalunha pelo primeiro-ministro estão a causar polémica..Nos últimos dias, os protestos contra Sánchez têm vindo a intensificar-se em Espanha. Ainda assim, Pedro Sánchez está a trabalhar na composição do seu Executivo. No domingo passado, manifestações convocadas pelo PP em 52 cidades mobilizaram dois milhões de pessoas, segundo o partido, e 450 mil, segundo as autoridades. Este sábado, o número estiveram presentes 170 mil pessoas..Na praça Cibeles, os manifestantes envergam bandeiras e entoam gritos de demissão contra Pedro Sánchez. No local, há uma tenda do PP (Partido Popular, de centro-direita), em frente ao Banco de Espanha. Isto apesar de o protesto ter sido convocado por associações da sociedade civil..O próprio líder do PP participa na manifestação. Segundo Alberto Núnez Feijóo, (que tentou governar mas não reuniu os apoios necessários para formar um Executivo), o pacto entre os independentistas catalães e o governo de Pedro Sánchez "é uma fraude e uma humilhação" para Espanha. "Vamos a esta manifestação convocada pela sociedade civil para denunciar todo o tipo de fraudes, mentiras e humilhações em que se está a centrar esta legislatura", afirmou, citado pelo El País..O líder do Vox (partido de extrema-direita) também está no protesto. À chegada à manifestação, Santiago Abascal anunciou que pediu a Feijóo uma reunião para que a direita possa articular uma resposta conjunta e analisar o que fazer para travar a lei da amnistia..A presidente da Comunidade Autónoma de Madrid, Isabel Díaz Ayuso (eleita pelo PP), também assistiu ao protesto. "Estamos aqui para expressar o nosso desacordo com tudo o que está a acontecer em Espanha. Estão a levar-nos a uma situação extrema nunca antes vista em democracia", começou por criticar. "Estão a ser criados dois lados. Um em que a arbitrariedade e a mudança de regras se mantêm, e todos aqueles que não concordam com a mudança da Espanha de todos nós são praticamente encurralados como fascistas. Os juízes estão a ser perseguidos, estão a ser discriminados, querem romper com a transição? Portanto, o processo para o qual nos estão a conduzir e os danos que estão a causar são irreversíveis, e é por isso que queremos estar aqui, para defender a Espanha de todos e para denunciar o que estão a tentar fazer a partir de La Moncloa através de um abuso de poder intolerável", disse Ayuso aos meios de comunicação social.."Os danos económicos, empresariais e de reputação que estão a ser causados a Espanha são enormes e vamos todos pagar por isso", afirmou Ayuso, ainda que os índices económicos divulgados a semana passada mostrem uma melhoria da situação no país..O PP e o Vox esperam, por isso, que haja uma intervenção da União Europeia e dirigentes do Partido Popular têm lembrado procedimentos de Bruxelas a países como Polónia, Roménia e Hungria por causa do estado de direito..Para já, o Partido Popular Europeu pediu um debate sobre a situação do estado de direito em Espanha no Parlamento Europeu, que está agendado para a próxima semana..Na semana passada, o comissário europeu da Justiça, Didier Reynders, pediu "informação detalhada" a Espanha sobre a amnistia, ainda antes de ser conhecida qualquer proposta de lei, com o argumento de que estava a gerar "sérias preocupações"..O Governo espanhol assegurou que explicará à Comissão "todos os detalhes" da futura lei e enviou esta semana para Bruxelas a proposta entregue na segunda-feira no parlamento pelo PSOE, pedindo ainda uma reunião para explicar o documento aos responsáveis europeus..A proposta de lei de amnistia foi entregue no parlamento na segunda-feira passada pelo PSOE e resulta de acordos com dois partidos catalães que em troca viabilizaram, na quinta-feira, um novo Governo de esquerda em Espanha, liderado por Pedro Sánchez, na sequência das eleições legislativas de 23 de julho..O dirigente do PP Esteban Gonzalez Pons disse esta semana que o partido espera "uma reação" de Bruxelas prévia à aprovação final da lei de amnistia "que impeça esta subversão da ordem constitucional" em Espanha, dentro de "mecanismos estabelecidos nos tratados e regulamentos europeus"..No texto de "exposição de motivos" que acompanha a proposta de lei, o PSOE sublinha que a amnistia já foi considerada legal pelo Tribunal Constitucional espanhol em 1986 e que já foi aplicada em Espanha em 1976 e 1977..O texto acrescenta que, além disso, é reconhecida e aplicada noutros países da UE e está também "perfeitamente homologada" nas instâncias europeias e pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.