A nova líder do Partido Liberal Democrata (PLD), a formação política que governa o Japão há décadas de forma quase ininterrupta, deverá ser confirmada primeira-ministra numa sessão especial do Parlamento nesta terça-feira. Sanae Takaichi faz história ao ser a primeira mulher a ocupar o mais alto cargo executivo, mas não é de esperar que a ultraconservadora desenvolva políticas de promoção de igualdade de género num país com outras prioridades. Takaichi foi eleita presidente do PLD no dia 4, ao derrotar o ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi, a quem as sondagens atribuíam favoritismo. A sucessora de Shigeru Ishiba, o primeiro-ministro que apresentou a demissão na sequência do resultado das eleições senatoriais de julho, e reflexo de um partido minado pelos escândalos, viu o caminho dificultado porque o tradicional aliado do PLD, Komei, escusou-se a continuar na coligação. O Komei desejava um(a) primeiro-ministro(a) moderado(a), o oposto de Sanae Takaichi..Sanae Takaichi nega que o Império do Japão tenha cometido crimes.. Mas a líder do PLD chegou a acordo com o partido de centro-direita Ishin na véspera do voto parlamentar para designar o sucessor de Ishiba. Com esta aliança, Takaichi fica a dois votos da maioria para ser eleita à primeira volta; porém, na segunda volta, basta uma maioria simples para a eleger. “Estou ansiosa por colaborar convosco para reforçar a economia japonesa e fazer do Japão um país responsável perante as gerações futuras”, declarou Takaichi a Hirofumi Yoshimura, colíder do novo partido aliado. Em contrapartida ao apoio ao PLD, o Ishin exigiu a adoção de algumas medidas, entre as quais a de isentar a taxa do IVA sobre o consumo de produtos alimentares, o qual está de momento em 10%, ou de reduzir o número dedeputados na câmara baixa da Dieta Nacional, atualmente fixada em 465 lugares.Sanae Takaichi, de 64 anos, entrou para a política há mais de três décadas, depois de ter trabalhado nos EUA para a representante democrata Patricia Schoerder. Começou por ingressar num pequeno partido entretanto extinto, ao que se transferiu em 1996 para o PLD, onde se instalou na fação mais à direita, onde foi figura de proa Shinzo Abe, o primeiro-ministro de quem foi ministra em três ocasiões. Mas se Abe era um político polarizador, Takaichi não é menos. A ex-baterista de heavy metal, casada com um antigo deputado do PLD e mãe de três filhos, defende uma visão conservadora da família e do papel da mulher, recusando, por exemplo, uma mulher no trono imperial. Na política, além de Abe, admira Margaret Thatcher. Define-se como nacionalista e nega os crimes do exército japonês ocorridos na Segunda Guerra Mundial. Em 2011, foi fotografada ao lado do líder de um grupo neonazi, Kazunari Yamada.