UE vê "sinal de desespero de Putin" em mobilização e referendos
A diplomacia da União Europeia (UE) considerou que a mobilização de reservistas anunciada esta quarta-feira pela Rússia e a realização de referendos de anexação de territórios ucranianos são um "sinal de desespero" do Presidente russo, Vladimir Putin.
"O discurso do Presidente Putin e os anúncios que fez, tanto sobre estes referendos como sobre a mobilização parcial, são novas provas de que ele não está interessado na paz, que está interessado em escalar a sua guerra de agressão, o que é também mais um sinal do seu desespero com a forma como a sua agressão está a ir contra a Ucrânia", reagiu o porta-voz principal da Comissão Europeia para os negócios estrangeiros e da política de segurança, Peter Stano, falando na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas.
Segundo o também porta-voz do Alto Representante da UE para a política externa, tais anúncios são "também um sinal claro para toda a comunidade internacional, especialmente durante esta semana crucial na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, [...] de que Putin só está interessado em continuar e avançar na sua guerra destrutiva".
"Apoiamos a legítima luta justificada da Ucrânia para defender o seu povo o seu território e os ucranianos lutam não só pelo território e independência e soberania da nação, mas também pelos nossos princípios e valores", insistiu Peter Stano.
Também esta quarta-feira, foi lançado um alerta sobre um novo ataque contra a zona da central de Zaporijia, no sul da Ucrânia, a maior da Europa, surgindo pouco depois de o Presidente russo, Vladimir Putin, ter anunciado esta "mobilização parcial" de 300 mil reservistas russos.
O anúncio dirigido ao país foi feito hoje pela televisão, tendo Putin declarado que o objetivo do Ocidente é destruir a Rússia.
Reagindo a tais ameaças, Peter Stano condenou que Putin esteja a "fazer um jogo nuclear".
"Ele está a utilizar o elemento nuclear como parte do seu arsenal de terror e isto é inaceitável. Penso que isto mostra muito claramente a qualquer membro da comunidade internacional que ainda tenha dúvidas sobre as suas intenções até que ponto está disposto a avançar e continuar esta invasão e agressão ilegal e injustificada contra o povo ucraniano", adiantou o porta-voz da diplomacia da UE.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou esta quarta-feira uma "mobilização parcial" dos cidadãos do país, quando a guerra na Ucrânia está quase a chegar ao sétimo mês do conflito, numa mensagem dirigida à nação.
A medida, que entra já em vigor, é justificada com a necessidade de defender a soberania e a integridade territorial do país.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, está pronta a utilizar "todos os meios" ao seu dispor para "se proteger", declarou Putin, que acusou o Ocidente de procurar destruir o país.
O anúncio de "mobilização parcial" dos russos em idade de combater abre caminho para uma escalada no conflito na Ucrânia.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reiterou que na guerra na Ucrânia, o único agressor é a Rússia, reagindo ao anúncio de Moscovo sobre a mobilização parcial no país.
"Nesta guerra, há apenas um agressor, a Rússia, e um país agredido, a Ucrânia", escreveu Michel na sua conta na rede social Twitter, acrescentando que o apoio da União Europeia à Ucrânia e manterá firme.
"O Kremlin anuncia a mobilização no Dia Internacional da Paz 2022, enquanto, na Assembleia Geral da ONU, os países trabalham para a cooperação, segurança e prosperidade", salientou ainda.
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