Tropas ucranianas atacaram forças russas em várias direções em Kursk. É a primeira vez desde o verão que as forças ucranianas empreendem um ataque terrestre naquela região russa a norte da Ucrânia, altura em que Kiev se apoderou de 1100 quilómetros quadrados. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky considerou a operação na Rússia essencial para as eventuais negociações de paz.“Região de Kursk, boas notícias! A Rússia está a ter o que merece”, escreveu Andrii Yermak, o chefe do Gabinete da Presidência ucraniana, no Telegram. Por sua vez, o chefe do Centro de Combate à Desinformação do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia disse que as forças russas foram surpreendidas. “Há uma grande preocupação entre os russos na região de Kursk porque foram atacados de várias direções, o que foi uma surpresa para eles. As forças de defesa estão a operar ativamente”, afirmou Andrii Kovalenko.O principal objetivo será tomar o controlo da estrada de Kursk, a nordeste da localidade de Sud- zha, embora o Exército ucraniano não tenha dado quaisquer pormenores sobre a ofensiva.Do lado de Moscovo, admite-se que o inimigo lançou um “contra-ataque”, mas para travar o avanço das tropas russas na zona de Kursk. De acordo com o Ministério da Defesa russo, “o grupo de assalto do Exército ucraniano foi derrotado pela artilharia e pela aviação” e “a operação para destruir as unidades das forças ucranianas continua”. A ofensiva em Kursk, iniciada em agosto, tinha como objetivos desviar as forças russas do leste da Ucrânia, onde continuam a avançar, capturar o máximo de prisioneiros de guerra para futuras trocas, e ganhar capacidade negocial. Desde então, o Exército russo já terá retomado cerca de metade do território controlado pelos ucranianos. Nas últimas semanas, soldados enviados pela ditadura de Kim Jong-un juntaram-se aos russos. No entanto, segundo Kiev, estes estão a sofrer pesadas baixas. Só na aldeia de Makhnovka, “até um batalhão de infantaria” russo e norte-coreano morreu em dois dias, disse Zelensky no sábado. .“Há uma grande preocupação entre os russos na região de Kursk porque foram atacados de várias direções”Andrii Kovalenko. O líder ucraniano, que em novembro disse que Vladimir Putin tinha como objetivo retomar a totalidade de Kursk até à tomada de posse de Donald Trump, afirmou agora que Kursk “é um ás muito forte em todas as negociações, em especial com os países que são muito importantes para nós, com o Sul global”. E acrescentou: “Nunca pensei que teria um impacto tão grande neles. Eles estavam tão influenciados pela noção de que a Rússia é invencível. E cá estamos no território da Federação Russa, a dar luta e a resistir-lhes há mais de quatro meses.” Em sentido oposto, a Ucrânia perdeu 3600 quilómetros quadrados de território em 2024.