Dnipropetrovsk, a ocidente de Donetsk e a norte de Zaporíjia, está sob ataque terrestre russo. A tentativa de invasão vem a desenhar-se desde o mês passado e foi agora reconhecida pelas forças ucranianas, ao mesmo tempo que desmentiram que o exército às ordens de Putin tenha capturado qualquer povoação.“Sim, eles entraram”, admitiu o porta-voz das forças ucranianas na região, Viktor Trebukhov, questionado pela agência France Presse. Disse que “os combates prosseguem” e não confirmou que as tropas russas, oriundas da região de Donetsk tenham tomado duas aldeias. Já segundo o Estado-Maior, os seus soldados impediram os avanços do inimigo perto de Zaporizke. “As Forças Armadas da Ucrânia continuam a controlar a aldeia de Zaporizke, apesar de todas as tentativas do inimigo para a capturar.” A mesma fonte confirmou combates perto de Novoheorhiivka e garantiu estar a “infligir perdas significativas ao inimigo”. Em conclusão, afirmou que os rumores sobre a ocupação destas localidades “não são consistentes com a realidade”. O mapa online DeepState, da responsabilidade de voluntários ucranianos, dava como certa a perda das localidades referidas.Para já, a questão é mais simbólica do que outra: além da Crimeia e de Lugansk (totalmente controladas), nas outras regiões que a Rússia reclamou como suas - Donetsk, Zaporíjia e Kherson - ocupa cerca de 70% de cada. Também tem bolsas de militares a norte, em Sumy e Kharkiv. Foi sobre estas duas regiões que o comandante das forças ucranianas levou notícias positivas ao presidente ucraniano na reunião que mantiveram para discutir a situação na linha de frente e ao longo da fronteira do país com a Rússia. “Estamos a observar tendências positivas nas áreas fronteiriças das regiões de Sumy e Kharkiv”, afirmou Oleksandr Syrskyi nas redes sociais, depois de ter partilhado a sua avaliação com Volodymyr Zelensky. Ambos agradeceram publicamente ao 225.º Regimento de Assalto, à 71.ª Brigada de Caçadores e às operações especiais cujo “desempenho em combate é um testemunho de coragem e profissionalismo”. Zelensky disse que também foi discutida a “necessidade de fornecimentos adicionais “às regiões de Donetsk e Zaporíjia”.Syrskyi disse ainda ter informado Zelensky “sobre a aplicação das decisões do Estado-Maior relativas à criação de reservas prontas para combate”. No entanto, furtou-se a divulgar mais pormenores. Isto no dia em que a primeira-ministra Yulia Svyrydenko anunciou que os jovens entre os 18 e os 22 anos podem agora viajar sem limitações para fora do país. Desde a imposição da lei marcial, em 24 de fevereiro de 2022, que os ucranianos entre os 18 e os 60 estavam impedidos de sair do país. EUA comprometem-se com "ativos estratégicos"Para lá da questão da linha da frente, o líder ucraniano exprimiu ainda que o ritmo das negociações sobre as garantias de segurança da Ucrânia deve ser acelerado. “Reuniões pertinentes e contactos de trabalho continuarão ao longo da semana. Foi salientado que o ritmo de trabalho precisa ser acelerado. O componente de defesa das garantias de segurança deve ser detalhado num futuro próximo”, afirmou. Segundo o Financial Times, altos funcionários dos Estados Unidos informaram os homólogos europeus que estão preparados para fornecer “ativos estratégicos” para o cenário de pós-guerra. Estas garantias de segurança passam pela recolha de informações, vigilância e reconhecimento, ferramentas de comando e controlo, e capacidades de defesa aérea para apoiar quaisquer destacamentos de tropas liderados pela Europa no terreno. Estas declarações confirmam as indicações que Donald Trump deixou durante a reunião com os líderes europeus, na semana passada, embora a porta-voz da Casa Branca dissesse mais tarde de que se tratava de “uma opção e uma possibilidade”..Refugiados na Polónia perdem subsídioO novo presidente polaco já começou a cumprir a sua promessa de que iria combater o governo de coligação de centro-direita ao vetar a emenda legislativa de prorrogação dos apoios aos refugiados ucranianos.O presidente Karol Nawrocki, ao vetar a continuidade do programa 800+ (isto é, a prestação mensal de 800 zlotys, ou 187,4 euros), advertiu que não mudará de opinião e disse que tal subsídio só deve ser acessível aos “ucranianos que se esforçam para trabalhar na Polónia”. Em conferência de imprensa, o nacionalista disse não haver qualquer mudança nas linhas gerais no que respeita ao apoio à Ucrânia e ao seus cidadãos, muito menos “o objetivo estratégico do Estado polaco face ao ataque da Rússia contra a Ucrânia”. No entanto, considerou que “após três anos e meio, a legislação deverá ser revista”. Na Polónia, os poderes presidenciais incluem a prerrogativa de propor legislação e Nawrocki aproveitou para fazê-lo com uma lei que condiciona a atribuição da prestação 800+ e o acesso aos cuidados de saúde a quem trabalhe e faça as contribuições para a Segurança Social na Polónia. Há cerca de um milhão de ucranianos no país vizinho, os quais enfrentam um sentimento cada vez mais generalizado de rejeição. Isto apesar de, há um ano, o Banco Central ter estimado que 80% dos ucranianos no país exercem um trabalho e este, segundo a consultora Deloitte, ter contribuído para 2,7% do PIB em 2024. Ainda assim, se os números se mantêm atuais, ficam de fora cerca de 200 mil pessoas, muitas das quais referenciadas em situação vulnerável. “Se nenhuma solução for encontrada, será uma catástrofe para estas pessoas que perderão o seu direito a uma residência legal”, disse Oleksandr Pestrykov, da fundação Casa Ucraniana de Varsóvia..Ucrânia quer garantir mil milhões mensais para comprar armas aos Estados Unidos .Trump diz que ainda não foram discutidas garantias de segurança à Ucrânia