Três caças F-35 (e três F-15) sobrevoaram esta terça-feira (18 de novembro) a Casa Branca na cerimónia de boas-vindas ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, horas depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, confirmar que ia dar luz verde para a venda de 48 dos mais modernos aviões militares norte-americanos à Arábia Saudita (apesar dos receios de que essa tecnologia possa acabar nas mãos chinesas). Trump elogiou ainda MBS, como é conhecido, pelo que fez “em matéria de direitos humanos”, defendendo-o das acusações em relação ao assassinato de Jamal Khashoggi. .O príncipe herdeiro, que é o líder de facto saudita (o pai, o rei Salman, tem 89 anos e problemas de saúde), não visitava a Casa Branca desde março de 2017. Em outubro desse mesmo ano, o assassinato no consulado de Istambul do jornalista, crítico do regime, esfriou as relações entre os dois países. .Defesa, Energia e acordos de Abraão (mas não Khashoggi) na agenda de Mohammed bin Salman na Casa Branca.A CIA concluiu que a ordem terá partido de MBS (ele negou), mas as questões económicas falaram mais alto ao longo dos últimos anos e ditaram uma reaproximação. E Trump, ao recebe-lo com pompa e circunstância na Casa Branca (incluindo banda militar e guardas a cavalo), concluiu a reabilitação. O líder norte-americano deu as boas-vindas a MBS no Pórtico Sul, oferecendo depois uma visita guiada ao príncipe herdeiro pelo “Passeio da Fama Presidencial”. . Os dois pararam em vários retratos dos ex-presidentes na nova galeria no exterior da Sala Oval, incluindo no de Joe Biden - que é a fotografia de uma caneta automática que Trump alega que era usada para assinar os documentos oficiais porque o democrata já não era capaz. Quando os jornalistas foram autorizados a entrar para o início da reunião, o presidente dos EUA elogiou MBS. É “um grande amigo há muito tempo”, “extremamente respeitado” e está “a fazer um excelente trabalho”, disse Trump. “Tenho muito orgulho do trabalho que ele fez. O que fez é incrível em matéria de direitos humanos e tudo o resto”, afirmou o presidente, ignorando completamente a questão de Khashoggi ou as denúncias de perseguição aos opositores. Quando os jornalistas questionaram diretamente sobre a morte do crítico do regime, Trump interrompeu: “Muita gente não gostava desse senhor”, afirmou, dizendo que “as coisas acontecem” e que MBS não sabia de nada. “E podemos ficar por aqui. Não tem de embaraçar o nosso convidado fazendo uma pergunta destas”, referiu. O príncipe respondeu, contudo, que “é doloroso ouvir que qualquer pessoa perdeu a vida sem um verdadeiro propósito”, dizendo que o caso foi investigado e os responsáveis julgados e que se aprenderam lições. E falou também das famílias das vítimas dos atentados do 11 de setembro de 2001 nos EUA. O líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, era saudita e houve vários terroristas deste país, com MBS a dizer que o objetivo era prejudicar a relação entre os dois países.Um bilião de investimentoNas suas declarações, Trump lembrou que o valor de investimentos sauditas nos EUA está atualmente nos 600 mil milhões de dólares. Mas MBS surpreendeu-o, dizendo que deverá chegar a um bilião de dólares nesta viagem, quando se realiza esta quarta-feira (19 de novembro) um fórum económico que vai incluir os líderes de algumas das maiores empresas dos EUA. “Gosto muito disso”, disse Trump, satisfeito com essa possibilidade de aumento do investimento. Em cima da mesa está a possibilidade de a Arábia Saudita receber chips avançados, para o desenvolvimento da Inteligência Artificial, com o secretário de Estado, Marco Rubio, a admitir que podia haver avanços ainda ontem. Questionado sobre a venda de outra tecnologia, os caças F-35, o presidente dos EUA disse que o acordo será semelhante ao que existe com Israel. “No que me diz respeito, penso que ambos estão num nível que lhes permite receber os melhores caças”, afirmou, dizendo que tanto Israel como a Arábia Saudita são grandes aliados dos EUA.Ainda em relação a Israel, um dos desejos de Trump é que os sauditas adiram aos Acordos de Abraão e normalizem as relações com os israelitas. “Acho que tive uma resposta positiva”, afirmou o presidente, com MBS a explicar: “Queremos ser parte dos Acordos de Abraão, mas também queremos ter a certeza que garantimos um caminho seguro para a solução de dois Estados.”Outro ponto na agenda era um pacto de segurança mútua, com Trump a dizer que o acordo está quase concluído.