O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou na quarta-feira uma multa de cerca de quatro milhões de euros à coligação do Presidente brasileiro em exercício, na sequência do relatório do Partido Liberal ter pedido a anulação de votos nas presidenciais..Além de não cumprir a determinação judicial do presidente do TSE, o tribunal determinou ainda que o partido deve ser condenado por má-fé, uma vez que não apresentou "quaisquer indícios e circunstâncias que justifiquem a instauração de uma verificação extraordinária" nas urnas eletrónicas utilizadas na segunda volta de 30 de outubro, de acordo com um comunicado divulgado pelo TSE.."A total má-fé da requerente em seu esdrúxulo e ilícito pedido, ostensivamente atentatório ao Estado Democrático de Direito e realizado de maneira inconsequente com a finalidade de incentivar movimentos criminosos e antidemocráticos que, inclusive, com graves ameaças e violência vem obstruindo diversas rodovias e vias públicas em todo o Brasil, ficou comprovada, tanto pela negativa em aditar-se a petição inicial, quanto pela total ausência de quaisquer indícios de irregularidades e a existência de uma narrativa totalmente fraudulenta dos factos", indicou o presidente do TSE, Alexandre de Moraes..De acordo com a imprensa local, além do partido de Jair Bolsonaro (Partido Liberal), a decisão abrange ainda os partidos PP e Republicanos, que integraram a coligação da falhada recandidatura do Presidente brasileiro..Na sua decisão, de acordo com a imprensa brasileira, Alexandre de Moraes bloqueou ainda as dotações orçamentais do Estado ao Fundo Partidário até que a multa seja paga e requereu a abertura de um inquérito para apurar um "eventual desvio de finalidade na utilização da estrutura partidária"..Esta decisão surge poucas horas depois de o Partido Liberal ter continuado a insistir nas alegadas falhas nas urnas eletrónicas.."Não se trata de pedir outra eleição", disse, em conferência de imprensa em Brasília, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar de Costa Neto, um dia depois de o próprio ter pedido a anulação de parte das urnas utilizadas nas presidenciais de 30 de outubro..Nesta conferência de imprensa agendada na sequência do pedido de 24 horas do TSE para que o PL apresentasse o relatório completo sobre as urnas eletrónicas, das eleições gerais e da segunda volta das presidenciais, Valdemar de Costa Neto voltou a dizer que mais de metade das urnas eletrónicas (anteriores a 2020) têm problemas de mau funcionamento, mas que isso não prova fraude..Costa Neto insistiu que uma auditoria privada contratada pelo PL concluiu que 61% das 577.125 urnas eletrónicas utilizadas na segunda volta, fabricadas entre 2009 e 2015, "não podem ser auditadas", ao contrário das mais modernas, um modelo de 2020..O líder da PL reiterou que os votos registados nestas antigas urnas deveriam ser invalidados e reconheceu que, na opinião do partido, apenas os votos dos dispositivos mais modernos, nos quais Bolsonaro teria ganho com 51,05%, deveriam ser contados..O presidente da PL também justificou os protestos de manifestantes que apoiam Bolsonaro estão a realizar às portas de dezenas de quartéis no país, exigindo um golpe de Estado.."As pessoas são livres de se manifestarem, mas desde que não criem problemas de tráfego ou impeçam o acesso ao quartel", disse..Os protestos contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas presidenciais e a favor de uma intervenção militar voltaram a ganhar alguma força na semana passada, alavancados pelo feriado nacional da instauração da República no Brasil, com milhares de manifestantes a concentrarem-se em frente a quartéis em vários estados brasileiros.