A Tesla está a exigir que os seus fornecedores excluam componentes fabricados na China dos automóveis que produz nos Estados Unidos, numa escalada dramática da "guerra fria" tecnológica e comercial entre as duas maiores economias do mundo.A notícia, avançada esta sexta-feira pela Reuters e pelo Wall Street Journal, cita fontes familiarizadas com a situação que indicam que o objetivo da fabricante liderada por Elon Musk é substituir todos os componentes de origem chinesa "no próximo ano ou dois".Esta decisão surge num momento de crescente alarme no Ocidente sobre a dependência tecnológica da China, um receio que foi agravado por uma descoberta de segurança crítica na Escandinávia.Preocupações de segurança na EuropaNo início deste mês, a autoridade de transportes públicos da Noruega (Ruter) revelou ter descoberto que a sua frota de autocarros elétricos produzidos pela fabricante chinesa Yutong continha tecnologia que permitia o acesso remoto aos mesmos -- e sua a potencial desativação ("kill switch") -- a partir da China.Testes de segurança confirmaram que os autocarros estavam equipados com cartões SIM que transmitiam dados dos veículos e permitiam, teoricamente, a imobilização da frota. A Noruega mitigou o risco removendo os cartões, mas com isso impossibilitou a atualização do software do mesmo, incluindo a instalação de pathes de segurança.A revelação levou a Dinamarca, que também opera centenas de autocarros Yutong, a lançar uma investigação de urgência para avaliar a mesma vulnerabilidade. A descoberta levanta sérias preocupações de segurança nacional sobre o potencial para paralisar infraestruturas críticas de transporte público.Nos EUA, a GM já tinha dado o primeiro passoQuanto ao mercado automóvel de ligeiros, embora a diretiva da Tesla seja a mais recente, esta segue um movimento ainda mais agressivo da General Motors (GM). Na semana passada, a GM instruiu formalmente os seus milhares de fornecedores a eliminar todos os componentes chineses das suas cadeias de abastecimento para a América do Norte, estabelecendo um prazo absoluto de 2027.Fontes da indústria indicam que os executivos estão em "modo de triagem" há meses. A incerteza constante das taxas aduaneiras, agravada pelas novas tarifas da Secção 232 (invocando segurança nacional) que entraram em vigor a 1 de novembro, tornou o planeamento de custos e logística insustentável.Mas mais do que a "guerra" tarifária, os fabricantes procuram "resiliência na cadeia de abastecimento" para se protegerem contra interrupções abruptas, seja por tensões geopolíticas (como os controlos de exportação da China sobre minerais essenciais) ou por vulnerabilidades de segurança, como as agora descobertas na Noruega e Dinamarca.