Tarifas de 200% sobre vinho nacional é cenário “altamente preocupante”
A ameaça caiu como uma bomba – mais uma – entre os Estados-membros e, sobretudo, em Portugal, que nos últimos anos tem feito um investimento elevado e constante naquele que, em 2024, foi o segundo maior mercado de exportação do país. Aliás, “se a questão das tarifas não acontecer, em 2025 os EUA serão o nosso maior mercado”, diz Frederico falcão, presidente da ViniPortugal, ao Diário de Notícias. Esta ameaça “é altamente preocupante. Até aqui sabíamos das tarifas sobre o aço, o alumínio e essas coisas, mas não estávamos à espera desta imposição de taxas de 200% sobre bebidas alcoólicas. Para os vinhos europeus e para nós, em particular, isso é muito, muito preocupante, porque os EUA são o nosso segundo maior mercado”.
No ano passado, as exportações nacionais para os EUA ultrapassaram os 100 milhões de euros, e para além da ViniPortugal, muitos produtores e Comissões Vitivinícolas Regionais reforçaram os seus investimentos próprios para aquele país. Nos últimos anos, aliás, as exportações de vinhos portugueses têm aumentado em valor e preço médio, com mercados como a China e os EUA a ganhar cada vez mais importância. Nos últimos 10 anos, Portugal exportou, em média, 46% da sua produção.
Na publicação que fez na rede Truth Social, Donald Trump adjetivou de “detestável” a tarifa de 50% que a UE decidiu aplicar sobre o whisky americano e ameaçou retaliar com tarifas de 200% sobre as bebidas alcoólicas originárias da União Europeia. O presidente norte-americano garante que a medida será “ótima para os vinhos e champagne dos EUA”.
Os EUA são, segundo os dados mais recentes da AICEP, o quarto maior produtor mundial de vinho, tendo sido responsáveis por 9,2% da produção mundial em 2023. Ainda assim, valores muito aquém dos apresentados por França, que continua a ser o maior produtor do mundo – produz mais de 20% do vinho que existe e tem cerca de 90 mil adegas em produção. Itália (16, 1'%) e Espanha (13,6%) ocupam os restantes lugares no pódio de quem mais produz , o que deixa antever o impacto que esta medida poderia ter nos negócios do setor, no Velho Continente.
Portugal, que ocupa o 10 lugar da lista dos dez maiores produtores de vinho do mundo foi responsável por 2,8% da produção global de vinho.