Um rapaz numa varanda em Rafah, com o fumo de mais ataques israelitas.
Um rapaz numa varanda em Rafah, com o fumo de mais ataques israelitas.Eyad BABA / AFP

Tanques israelitas já estão no centro de Rafah

Novo ataque atinge campo de deslocados. Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem oficialmente o Estado Palestiniano.
Publicado a
Atualizado a

Após uma noite de bombardeamentos, os tanques israelitas avançaram esta terça-feira no centro de Rafah, com quatro projéteis de artilharia alegadamente a atingir um campo de deslocados em al-Mawasi. Pelo menos 21 pessoas terão morrido naquele que é apontado como o segundo ataque em zonas que tinham sido dadas como seguras pelos israelitas. Espanha, Irlanda e Noruega oficializaram o reconhecimento do Estado Palestiniano, desencadeando acesas críticas do lado de Israel.

O chefe da diplomacia israelita, Israel Katz, acusou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de ser “cúmplice de incitação ao assassinato do povo judeu e de crimes de guerra” numa mensagem no X. O chefe do Governo espanhol insistiu que reconhecer o Estado Palestiniano “é a única forma de avançar para a única solução possível para alcançar um futuro de paz: a de um Estado Palestiniano que coexista ao lado do Estado de Israel em paz e segurança”. Na véspera, Israel já tinha dado ordens para proibir o consulado espanhol em Jerusalém de prestar serviços aos residentes de fora do distrito.

O chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, disse que haverá uma resposta coordenada dos três países que estão a ser vítima de “provocações, ataques e boatos infames”da parte de Israel. “Acordámos dar uma resposta coordenada, serena e firme. Ninguém nos intimida e ninguém afastará o Governo de Espanha de apoiar a legalidade internacional, a justiça e o sentimento profundo do povo espanhol em relação à Palestina e também de amizade com o povo de Israel”, afirmou. 

Enquanto o reconhecimento do Estado Palestiniano avança, Israel ignora os apelos a uma pausa nos combates para permitir negociar a libertação de reféns. Tanques israelitas foram vistos esta terça-feira no centro de Rafah pela primeira vez, com Israel a dizer prosseguir as operações limitadas a leste da cidade - os EUA, entre outros, alertaram contra uma operação de larga escala.

Um novo centro de deslocados foi contudo atingido a oeste da cidade. Segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas, pelo menos 21 pessoas terão morrido. As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) negam ter realizado qualquer ataque na zona.

Sobre o ataque no domingo à noite, que desencadeou um incêndio que terá matado 45 pessoas e causou consternação a nível internacional, Israel acredita que as suas munições sozinhas não foram as únicas responsáveis. O porta-voz das IDF, Daniel Hagari, disse que foram lançadas duas bombas de 17 quilos no alvo (alegadamente uma base do Hamas), que era afastado das tendas. “Estamos a analisar todas as hipóteses, incluindo a opção de que as armas [do grupo terrorista] armazenadas no local ao lado do alvo podem ter sido detonadas como resultado do ataque”, indicou, explicando ainda que a zona atacada não era uma “zona segura” e ficava a 1,7 quilómetros da área humanitária.

Apesar da situação do terreno, os media  egípcios dizem que o Egito está a tentar retomar as negociações para uma trégua e a libertação dos reféns ainda nas mãos do Hamas. Esta terça-feira, a Jihad Islâmica Palestiniana divulgou um vídeo de um deles - identificado pelos media israelitas como sendo Sasha Trupanov, de 28 anos. As famílias apelam ao Governo de Israel que avance nas negociações. 

susana.f.salvador@dn.pt

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt