O Supremo Tribunal dos Estados Unidos vai anunciar uma decisão na próxima segunda-feira sobre o caso do projeto que desprotegeria o direito ao aborto em cerca de metade dos estados norte-americanos, após os juízes terem-se reunido quinta-feira..Os nove juízes do Supremo não comentaram o que foi discutido na sala de reuniões privada, além da informação que esperam dar em 16 de maio..O caso do aborto está entre os 37 não resolvidos que foram discutidos. Os juízes, segundo a agência de notícias AP, emitem todas as decisões no início do verão..A reunião de quinta-feira aconteceu num momento tenso, com o futuro dos direitos ao aborto em jogo e uma investigação em curso para tentar encontrar a fonte do vazamento do projeto..Na quarta-feira, o Senado norte-americano rejeitou a Lei de Proteção à Saúde das Mulheres, que inscreveria o direito ao aborto na legislação federal, uma demonstração contundente da divisão partidária no país sobre a questão..Um total de 51 votos contra, sobretudo de senadores republicanos, bloquearam o projeto de lei que protegeria o acesso ao aborto em todo o país, votado favoravelmente por 49 senadores..O único democrata que saiu da linha do seu partido foi Joe Manchin, o último a votar e que já havia sinalizado que poderia não apoiar esta mudança..A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, presidiu à sessão, que foi antecedida por um comunicado do Governo de Joe Biden que apelava à aprovação da Lei, agora rejeitada..A votação desta quinta-feira foi, sobretudo, simbólica e, mais uma vez, evidenciou os limites da maioria do Partido Democrata no Senado dividido a meio (50 democratas e 50 republicanos)..Para se sobrepor a uma obstrução republicana, a lei necessitava de 60 votos favoráveis limite que os democratas sabiam de antemão que não alcançariam quando insistiram em manter a votação..Logo após o resultado ser conhecido, o Presidente Joe Biden criticou o "fracasso" dos republicanos em proteger o acesso à saúde reprodutiva, dizendo que a votação "contraria a vontade da maioria do povo norte-americano"..Os republicanos "escolheram interpor-se no caminho dos direitos dos americanos de tomar as decisões mais pessoais sobre os seus próprios corpos, famílias e vidas", disse Biden, instando os eleitores a eleger mais legisladores pró-aborto em novembro..O Presidente norte-americano prometeu, enquanto isso, "explorar as medidas e ferramentas à disposição" para garantir os direitos estabelecidos em 1973, com a decisão 'Roe v. Wade'..Também a presidente da câmara baixa do Congresso, a democrata Nancy Pelosi, criticou os republicanos pela sua oposição, prometendo que "os democratas nunca cederão na defesa das liberdades fundamentais"..Pelosi sublinhou ainda que "o povo americano irá lembrar-se de quem procurou punir e controlar as decisões das mulheres e quem lutou incansavelmente ao lado delas, quando votar em novembro", nas eleições intercalares..Já o líder dos democratas na câmara alta, Chuck Schumer, pediu aos cidadãos norte-americanos que, no próximo sufrágio, votem em mais legisladores democratas "pró-escolha"..A necessidade desta votação surgiu após uma fuga de informação sobre uma iniciativa do Supremo Tribunal norte-americano para revogar o direito constitucional ao aborto, estabelecido no caso histórico de 1973 conhecido como 'Roe v. Wade'..O resultado da decisão do tribunal de maioria conservadora, prevista para junho, certamente terá repercussões em todo o país e na campanha eleitoral antes das eleições intercalares de novembro, que determinarão que partido que controlará o Congresso..Se anulada a decisão 'Roe v. Wade', que protege como constitucional o direito das mulheres ao aborto, os Estados Unidos voltarão à situação que existia antes de 1973, quando cada estado era livre de proibir ou autorizar a realização de abortos.